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Setor de serviços se espelha em hotéis
Profissionais da rede hoteleira são contratados por empresas para reproduzir a rotina de luxo em outros segmentos
Nos hospitais como o Albert Einstein e o Sírio-Libanês, a internação é o check-in, a alta é o check-out; arrumação
é tarefa das camareiras
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A coordenadora da governança do hospital Albert Einstein, Bárbara de Almeida Stocco, a responsável pelo "concièrge" do shopping Iguatemi, Carina Martins, e Camilla Pereira
Barretto, gerente-geral do grupo St. Marché, dono do Empório Santa Maria, têm em comum a experiência profissional: todas fizeram carreira em
hotéis cinco estrelas.
Nos últimos três anos, hoteleiros com expertise em sofisticação têm se beneficiado de
uma novidade: passaram a ser
contratados -e muito bem pagos- para reproduzir a rotina
de luxo nos demais segmentos
de prestação de serviço.
De condomínios residenciais
a supermercados, de hospitais a
shopping centers, eles são encarregados de levar regalias improváveis a clientes e pacientes
como se fossem hóspedes.
Basicamente, a explicação é
uma só: com a expansão do
mercado de luxo nos últimos
anos, a exigência por qualidade
e mordomias cresceu.
"A prestação de serviço é
muita parecida, com variáveis
que vão aparecer sempre. Nada
no mercado de luxo é mais bem
trabalhado do que os hotéis,
que sempre atenderam com
distinção desde o século 19", diz
o coordenador do curso avançado de Marketing de Luxo da
ESPM, Ismael Rocha.
Nos hospitais como o Sírio-Libanês e o Albert Einstein, a
nomenclatura e os serviços de
hotéis foram adotados. A internação é o check-in, a alta é o
check-out, a arrumação dos leitos é feita pelas camareiras, que
são coordenadas pela governança, que trabalham em conjunto com a hospitalidade.
"Meu trabalho, como hoteleira, é minimizar a sensação de
mal-estar de quem fica internado e fazer que o paciente não se
sinta um doente", diz Iramaia
Nunes, supervisora de hospedagem do Sírio-Libanês.
Na equipe do Einstein já há
40 graduados ou técnicos em
hotelaria, que representam
15% da gerência de serviços do
hospital, todos prontos para
atender aos mimos mais inusitados dos pacientes.
Madrugada
"Tive de sair às 2h para comprar um xampu importado para uma paciente que havia dois
dias não lavava o cabelo porque
não queria usar o que oferecemos no banheiro do quarto",
diz a líder de governança Patrícia Prioto, que veio do Castro's
Park, um hotel cinco estrelas de
Goiânia.
No dia a dia, ela vigia obsessivamente a limpeza, passando o
dedo no móveis para encontrar
poeira, estica os lençóis à
exaustão, como num quarto de
hotel, e cuida para que nada esteja fora do lugar após a faxina.
Trabalho parecido com o da
chefe do "concièrge" do shopping Iguatemi, Carina Martins,
que também dá pitaco na maquiagem e no tamanho dos
brincos das funcionárias e de
quem pode usar anéis ou não.
"Isso segue a linha de um hotel mesmo. Já perguntaram se
o "concièrge" era a recepção do
hotel do shopping porque o espaço tem essa cara", afirma Carina, trazida da rede Fasano.
"Nunca trabalhei em shopping antes e nunca havia imaginado. No hotel, o hóspede pode
ter todas as necessidades atendidas e cobradas no final da estadia", diz Mariana Mazaia, do
shopping Cidade Jardim, que já
passou pelos hotéis Renaissance, Meliá e Transamérica.
"Os hotéis aprimoram cada
vez mais a prestação de serviço
e os diferenciais, e os outros
segmentos viram esse potencial nos hoteleiros", afirma
Thais Carvalho Lisboa, coordenadora dos cursos de hotelaria
do Senac de São Paulo.
A mordomia dos hotéis também chegou aos condomínios.
"Não tenho porteiro, tenho recepcionista. Temos espelhados
todos os serviços que existem
nos hotéis", diz Colette Argentini, que depois de 27 anos na
rede hoteleira coordena sete
conjuntos da Cyrela e consegue
até reserva em restaurantes difíceis e ingressos esgotados para shows e peças de teatro.
No St Marché, um supermercado VIP do VIP do VIP que inclui o Empório Santa Maria, a
ex-hoteleira Camilla Barretto
veio do Emiliano. "Estou ali para resolver a vida dos clientes,
meu papel é mimá-los. Assim
eles voltam", diz Camilla, que
trabalha com outras duas gerentes, todas vindas de hotéis.
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