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MARIA DO CARMO BAUER (1928-2010)
O silêncio da atriz que ensinou interpretação vocal
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Há alguns anos, uma rouca
Maria do Carmo Bauer atendeu o filho ao telefone. Pensou
em gripe, mas não era. Foi o
primeiro sinal da doença irreversível e progressiva que deixou a atriz afônica até o fim.
Filha de um professor de latim, francês e grego -que
também era cantor lírico-,
ela nasceu em Itu (SP). Mudou-se para SP para cursar a
EAD (Escola de Arte Dramática). Formou-se na década de
50 e foi eleita atriz revelação.
Casou-se em 1957 com Emílio Fontana, com quem criou o
primeiro curso de teatro livre
de São Paulo, sendo responsável por trabalhar as vozes. O
casamento durou dez anos.
Nos anos 70, a fim de se
aperfeiçoar, cursou fonoaudiologia na PUC-SP. Lecionou
interpretação vocal em vários
lugares, como na ECA-USP,
onde ficou por dez anos.
Tinha uma voz linda, como
diz o único filho, Emílio. Ele
lembra que, se alguém pigarreasse na frente dela, ela prontamente corrigia a pessoa.
Era uma mulher libertária e
moderna para sua época, ele
conta. Aos 60, relacionou-se
com um jornalista argentino,
mudou-se para Buenos Aires, mas retornou ao Brasil
menos de um ano depois.
Após perder a voz devido à
doença degenerativa que a
levaria à morte, passou uma
fase escrevendo para se comunicar, mas os movimentos foram ficando limitados.
Em 28 de fevereiro, morreu aos 81. Teve três netos.
Vivia em Porto Feliz (SP),
com o filho, e foi enterrada
em Itu. A missa de 30º dia será amanhã, às 19h, na igreja
da Consolação, em SP.
coluna.obituario@uol.com.br
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