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Avatar na Amazônia
Autor de filme inspirado na preservação ambiental, James Cameron sobrevoa floresta e se maravilha com o rio Negro
Marlene Bergamo/Folha Imagem
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O cineasta James Cameron e sua mulher Suzy Amis durante voo sobre a Amazônia; visita à região deverá incluir pernoite em tribo
LAURA CAPRIGLIONE
MARLENE BERGAMO
ENVIADAS ESPECIAIS A MANAUS
KATIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
James Cameron, 55, diretor
do blockbuster "Avatar", ficou
louco com o "piracucu". Tradução: adorou o sabor do peixe de
água doce pirarucu, que ele
pronuncia com "cucu" no fim.
Em seu primeiro mergulho na
Amazônia brasileira, Cameron
dançou com os bois da festa de
Parintins, sobrevoou a floresta
a bordo de um hidroavião, maravilhou-se com o arquipélago
de Anavilhanas, o maior conjunto fluvial de ilhas do mundo.
Ontem, o diretor foi ao Pará
ver de perto onde será construída a usina hidrelétrica de
Belo Monte, no coração das terras dos índios caiapós -a previsão é que ele pernoite em uma
tribo. (No sábado, o diretor
"implorou" ao presidente Lula
que suspenda a construção.)
Que a inspiração de "Avatar"
seja a luta pela preservação ambiental, e que a Amazônia seja,
dentre os cenários dessa luta, o
mais vistoso do planeta, Cameron nunca fez segredo. Mas ele
aproveitou o convite para dar
uma palestra no Fórum Internacional de Sustentabilidade,
encerrado neste sábado em
Manaus, para conhecer aquilo
de que só ouvira dizer.
Com exclusividade, a Folha
acompanhou o diretor e a mulher dele, a atriz Suzy Amis, 48,
em um passeio aéreo sobre a
floresta. Cameron se disse impressionado com a largura do
rio Negro -na altura do arquipélago, há 20 quilômetros entre uma margem e a outra. "É
quase um oceano", disse.
Físico por formação universitária, o diretor quis saber a
profundidade do rio Negro, a
composição química que escurece as águas, o mecanismo de
sobrevivência das árvores durante os seis meses de cheia
dos rios, quando só as copas
das espécimes mais altas ficam
fora da água. Não fez anotações, mas com uma pequena
câmera registrou imagens.
Bem antes de "Avatar", Cameron já se tinha tornado um
entusiasta da questão ambiental. Ele mora em uma comunidade em Santa Mônica, na Califórnia, que recicla todo o lixo
que produz. Em sua casa, a
água é filtrada e é proibido entrar garrafas PET. A energia
elétrica vem de geradores movidos pela força dos ventos e de
painéis fotovoltaicos. Ah, o carro é o "ambientalmente correto" Volt, veículo elétrico da
Chevrolet, que faz 230 milhas
com um galão de gasolina.
Suzy Amis, 48, magérrima,
altíssima, cabelão comprido e
grisalho, é onipresente na agenda de Cameron. Óbvia inspiração para o layout dos Na'vis, a
turma do bem do planeta Pandora, Amis é dona de uma escola em que as crianças fazem a
faxina. Frutas e legumes da merenda provêm de horta e pomar
que os alunos cuidam. "O objetivo é que, ao voltar para casa,
as crianças ensinem seus pais a
ser mais respeitosos com o planeta", disse Amis.
Mergulhador nas horas vagas, Cameron disse que "Avatar
2" se desenvolverá em florestas
e em um mundo marinho. "Terá novas criaturas, inspiradas
no fundo do mar." Para isso,
tem mantido contatos com
Jean Michel Cousteau, filho do
lendário mergulhador francês
Jacques Cousteau e dirigente
da ONG Ocean Future Society,
dedicada à preservação da biodiversidade dos oceanos.
O diretor quer que "Avatar",
que ele chama de "experiência
Avatar", transforme-se em
um portal para a questão ambiental. "Eu fiz "Avatar" porque
queria dizer alguma coisa, não
porque precisasse ganhar mais
dinheiro", disse, antes de
se despedir como um Na'vi:
"Que a grande mãe sorria para
todos nós".
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