São Paulo, domingo, 29 de março de 1998

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ACIDENTE
Vítimas são operários que executavam obra em caixa d'água no prédio da PUC
Desabamento no RS mata 4 e fere 8

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

Pelo menos quatro operários morreram no desabamento parcial do prédio 11 do campus da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), na zona leste de Porto Alegre.
O acidente aconteceu às 13h15 de ontem. Trabalhavam no local cerca de 12 operários, dos 300 que integram a obra no prédio.
Dois foram retirados mortos dos escombros, um morreu a caminho do hospital, e um outro morreu no início da noite de ontem.
Até as 19h, apenas dois mortos, dos quatro mortos, tinham sido identificados, Sandro Lagarreta e Paulo César Hofmann de Ávila.
Os operários trabalhavam no 12º e último andar, concretando a caixa-d'água localizada no topo do edifício. Alguns operários -entre eles os quatro que morreram- caíram junto com os escombros do 12º andar, de uma altura de cerca de 50 metros, até o solo. Outros caíram do 12º ao 9º, ficando presos neste pavimento.
O operário Sidnei Rosa Almeida, que estava trabalhando naquele andar até momentos antes do desabamento, disse que o que determinou o desabamento foi a fragilidade de uma parede que não aguentou o peso da caixa d'água. Ele disse que as paredes, feitas com placas de concreto pré-moldado, são da Deboni.
Um engenheiro da PUC, que não quis se identificar, também disse que a parte da obra que desabou era tocada pela Deboni.
Mas o engenheiro Luís Fernando Nunes, da empreiteira Deboni -uma das responsáveis pela obra, supervisionada pelo setor de Engenharia da PUC-, negou a responsabilidade de sua empresa e afirmou que aquela parte da obra estava a cargo de outra empreiteira, cujo nome ele não forneceu.
Nunes afirmou ainda que, provavelmente, houve o desabamento da caixa-d"água, o que ocasionou a queda das paredes que sustentavam a escada em que estavam os operários.
Segundo o operário Almeida, pela manhã, o piso da caixa d"água havia "cedido um pouco", exigindo sustentação. Para ele, isso é normal durante a concretagem.
Em construção há cerca de um ano e meio, o prédio estava na fase de acabamento. E, segundo alguns funcionários da PUC, estava sendo usado por alunos de direito.
Outros, disseram que o prédio ainda não havia sido liberado para aulas. No saguão, há murais com avisos, sugerindo que o prédio estava em uso.
Até o início da tarde de ontem, o Corpo de Bombeiros e as equipes de socorro ainda trabalhavam no resgate dos sobreviventes. O acesso ao prédio foi interditado. Segundo os bombeiros, não havia risco de novos desabamentos. Às 15h, dois operários foram retirados dos escombros com vida e, aparentemente, sem ferimentos.
Até as 20h, o assessor de imprensa da PUC, Carlos Alberto Carvalho, não havia se pronunciado.



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