São Paulo, domingo, 29 de março de 1998

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MEGAINCÊNDIO

Geografia dificulta o trabalho dos bombeiros

Sergio Lima/Folha Imagem
Fogo se aproxima de maloca na área indígena ianomâmi, a oeste de Boa Vista; geografia dificulta o trabalho dos bombeiros


ANDRÉ LOZANO
enviado especial a Boa Vista

Dificuldades geográficas, falta de preparo técnico específico e carência de equipamentos sofisticados são fatores que estão dificultando o combate ao fogo por soldados e bombeiros em Roraima.
Passados dez dias da intensificação da ação do grupo de combate ao fogo, os focos continuam se alastrando, de acordo com o último levantamento feito pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).
Esse aumento do número de focos coincide, entretanto, com o período em que o número de homens empregados no combate ao incêndio praticamente triplicou - de 400 iniciais para quase 1.200 até anteontem.
Na avaliação de especialistas, não é possível depositar no número de homens a certeza de extinção do fogo. "É preciso dispor de aviões-tanque (que lançam água sobre o fogo)", disse o engenheiro florestal do Ibama de Roraima Antônio Carlos Cattanio.
"Esses aviões impedem o desgaste da tropa e agilizam o combate", afirmou o capitão do Corpo de Bombeiros de São Paulo Adilson José Gutierrez.
Além do problema dos equipamentos, o ataque aos focos de incêndio pode estar sendo prejudicado pela falta de mais tropas especializadas, como por exemplo a dos argentinos, que está auxiliando o combate ao fogo em Apiaú -uma das regiões mais críticas do Estado.
Na avaliação do governador de Roraima, Neudo Campos (PPB), o incêndio no Estado mostrou que o país não está preparado para enfrentar catástrofe. Por isso ele sugere que se crie uma "força especializada em combate florestal".
A tentativa de controle do fogo em Roraima ainda enfrenta o problema das adversidades climáticas e geográficas da região. "As temperaturas estão muito altas (próximo aos focos pode chegar a 60C, na estimativa dos bombeiros), a umidade relativa foi reduzida pela metade", afirmou Cattanio.
²Segundo Gutierrez, somam-se a essas dificuldades climáticas, as geográficas, como terrenos muito acidentados e longas distâncias entre os focos, que podem ser de até 30 km. Na região da floresta, por exemplo, é muito difícil a ação de combate ao incêndio. Se o helicóptero consegue vencer a fumaça, tem dificuldade em pousar.
²Homens têm de descer por cordas e abrir uma clareira com motoserras para que o helicóptero possa pousar. "Tudo isso consome muito tempo", disse Gutierrez.



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