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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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RIO

Novo secretário de Segurança Pública considera policiais muito violentos e promete investimento em tecnologia para a área

Garotinho afirma que sua polícia está despreparada

ANTÔNIO GOIS
SERGIO TORRES

DA SUCURSAL DO RIO

Anthony Garotinho, 43, assumiu ontem o cargo de secretário de Segurança Pública do Estado do Rio com uma avaliação crítica da qualidade profissional dos cerca de 45 mil policiais militares e civis sob seu comando. Para ele, os policiais são despreparados, violentos e ignoram as inovações tecnológicas do setor.
A análise sobre os policiais fluminenses foi desenvolvida anteontem em reunião entre Garotinho, a governadora Rosinha Matheus (PSB), o superintendente da PF (Polícia Federal) no Rio, Marcelo Itagiba, o comandante da PM (Polícia Militar), coronel Renato Hottz, e o chefe de Polícia Civil, delegado Álvaro Lins.
Ao tomar posse, em solenidade na sede do comando da PM, evitou, ao discursar, dirigir críticas aos policiais. Procurou até agradá-los, anunciando a futura organização de um serviço de assistência às famílias de policiais vitimados por "alguma fatalidade".
Mais tarde, em entrevista, o novo secretário mudou o tom empregado até então e traçou um quadro bastante desfavorável à qualidade do policial a serviço da população do Estado do Rio.
"O policial tem um despreparo generalizado. A polícia [do Rio" se tornou muito violenta. Há baixa tecnologia, baixo investimento tecnológico", criticou Garotinho, que governou o Estado de janeiro de 1999 a abril do ano passado.
Para ele, o policial que participa de operações em comunidades carentes deve agir sem violência. "O policial tem que entrar [nos locais onde são realizadas as ações" de forma preparada, qualificada."
Garotinho quer que os presos trabalhem nos presídios, costurando fardas para PMs e construindo casas populares.

Cadeia e tijolos
Segundo ele, já é possível, dentro da cadeia, fabricar tijolos pré-moldados para a construção de casas. A idéia é que uma empresa pague os detentos pelo trabalho, com uma parte do salário sendo destinada às famílias das vítimas.
O novo secretário também anunciou que ontem à noite seriam realizadas 81 blitze pela PM. Equipes da corporação em toda a região metropolitana fiscalizariam carros. Os motoristas receberiam panfletos intitulados "Segurança e Paz", nos quais se pedem a ajuda da população no combate ao crime.
Afirmou que a polícia ganhará mais cinco helicópteros (são três hoje), equipados "com câmeras de alta precisão". Os aparelhos patrulharão os bairros violentos da região metropolitana. Segundo Garotinho, ele e a governadora poderão acompanhar as imagens em tempo real de seus gabinetes.
Quando questionado sobre o custo dos projetos, Garotinho só disse que haverá recursos. "A governadora não vai fazer a covardia de me colocar na secretaria e me deixar sem dinheiro."
No discurso, voltou a dizer que estabelecerá metas para os policiais que ocuparem cargos diretivos. O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, e o comandante da PM (Polícia Militar), Renato Hottz, permanecerão nos cargos por mais 60 dias. Ao fim do prazo, serão avaliados. Se as metas de redução de violência forem atingidas, continuarão nos cargos.

Gafe
Na entrevista coletiva que concedeu após a posse, Garotinho cometeu uma gafe que coloca lenha na fogueira dos que afirmam que quem governa de fato o Estado é ele, e não sua mulher.
Ao definir a função de Marcelo Itagiba, superintendente da PF (Polícia Federal) no Rio e futuro subsecretário de Segurança, Garotinho disse que Itagiba substituirá o "governador" quando for necessário.
Ao perceber a gafe, Garotinho riu. Mais tarde, apresentou uma justificativa. Quando um jornalista o chamou de governador, ele afirmou que não se trata de um erro, já que é praxe chamar uma autoridade pelo cargo mais importante que ela tenha ocupado.

Bombas
Na noite de ontem, duas bombas de fabricação caseira foram encontradas no jardim da concessionária Audi, que funciona ao lado do shopping center Rio Off Price e da sede do Botafogo de Futebol e Regatas (zona sul do Rio).
Os artefatos estavam dentro de sacos plásticos e foram achados por um faxineiro. Sem saber o que havia dentro das bolsas, atirou uma no chão, provocando a explosão. Ele sofreu escoriações leves nas pernas e nos braços, mas não chegou a ser hospitalizado.


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