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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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EDUCAÇÃO

Segundo a Unesco, 80% dos alunos do ensino médio da rede pública não têm equipamento em casa; nas escolas pagas, 40%

Computador é luxo para pré-vestibulando

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mais da metade dos alunos do ensino médio -que estão se preparando para prestar vestibular ou para tentar ingressar no mercado de trabalho- não tem acesso a computador em casa.
Se for analisada de acordo com a rede, a exclusão digital aponta ainda uma diferença social: 40% dos estudantes de escolas privadas não possuem computador, enquanto esse dado passa para 80% quando se fala em escolas públicas.
Por outro lado, uma parcela dos professores também admite não dominar a informática e, mais uma vez, a rede pública sai perdendo. Dos docentes de escolas públicas, de 7,2% a 24,6% dizem não ter domínio do equipamento. Na rede privada, o percentual varia de 1,2% a 7,7%.
Com esses indicadores, os jovens terão mais dificuldades ao tentar atingir dois dos principais objetivos que eles mesmos apontam para cursar o ensino médio: 1) preparação para o vestibular e 2) busca de um futuro melhor.
Isso porque, apesar de valorizar o estudo, os alunos dizem que o conteúdo que aprendem na escola é insuficiente.
Esses dados fazem parte de um retrato do ensino médio no Brasil que será divulgado hoje pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), em Brasília.
No início de abril, a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) também apresentou um levantamento apontando que praticamente metade dos profissionais de educação básica (48%) não tem acesso a computadores ou à internet.
Para reunir os dados sobre o ensino médio, a pesquisa da Unesco ouviu 50.740 alunos -mais de 50% dos estudantes entrevistados estão na faixa etária entre 16 e 17 anos. Também foram ouvidos 7.020 professores de 673 escolas de 13 capitais brasileiras.
O livro "Ensino médio: múltiplas vozes", além de trazer os números, faz uma análise das desigualdades entre cursos diurnos e noturnos e apresenta a situação das unidades escolares.

Desinteresse
Tanto alunos como professores dizem que os principais problemas da escola são estudantes desinteressados e indisciplinados e falta de espaço.
Talvez isso explique, pelo menos em parte, o motivo de 17% dos entrevistados, em média, já ter abandonado a escola alguma vez e depois voltado a estudar.
Separando por período, o percentual de estudantes de cursos noturnos das 13 capitais que deixaram o estudo é maior -35,2%. No curso diurno, esse percentual cai para 8,9%.
A reprovação é outro dado preocupante entre alunos do turno da noite.
O mais alto índice é encontrado em Porto Alegre (RS) -76,4%- e o menor, no Rio de Janeiro -50,6%. Para o diurno, a maior porcentagem de reprovação está em Salvador (BA) -62,8%- e a menor está em Curitiba (PR), com 32,2%.
A pesquisa foi realizada nas seguintes capitais: Rio Branco, Macapá, Belém, Teresina, Maceió, Salvador, Cuiabá, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte


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