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EDUCAÇÃO
Segundo a Unesco, 80% dos alunos do ensino médio da rede pública não têm equipamento em casa; nas escolas pagas, 40%
Computador é luxo para pré-vestibulando
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mais da metade dos alunos do
ensino médio -que estão se preparando para prestar vestibular
ou para tentar ingressar no mercado de trabalho- não tem acesso a computador em casa.
Se for analisada de acordo com
a rede, a exclusão digital aponta
ainda uma diferença social: 40%
dos estudantes de escolas privadas não possuem computador,
enquanto esse dado passa para
80% quando se fala em escolas
públicas.
Por outro lado, uma parcela dos
professores também admite não
dominar a informática e, mais
uma vez, a rede pública sai perdendo. Dos docentes de escolas
públicas, de 7,2% a 24,6% dizem
não ter domínio do equipamento.
Na rede privada, o percentual varia de 1,2% a 7,7%.
Com esses indicadores, os jovens terão mais dificuldades ao
tentar atingir dois dos principais
objetivos que eles mesmos apontam para cursar o ensino médio:
1) preparação para o vestibular e
2) busca de um futuro melhor.
Isso porque, apesar de valorizar
o estudo, os alunos dizem que o
conteúdo que aprendem na escola é insuficiente.
Esses dados fazem parte de um
retrato do ensino médio no Brasil
que será divulgado hoje pela
Unesco (Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura), em Brasília.
No início de abril, a CNTE
(Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) também apresentou um levantamento apontando que praticamente
metade dos profissionais de educação básica (48%) não tem acesso a computadores ou à internet.
Para reunir os dados sobre o ensino médio, a pesquisa da Unesco
ouviu 50.740 alunos -mais de
50% dos estudantes entrevistados
estão na faixa etária entre 16 e 17
anos. Também foram ouvidos
7.020 professores de 673 escolas
de 13 capitais brasileiras.
O livro "Ensino médio: múltiplas vozes", além de trazer os números, faz uma análise das desigualdades entre cursos diurnos e
noturnos e apresenta a situação
das unidades escolares.
Desinteresse
Tanto alunos como professores
dizem que os principais problemas da escola são estudantes desinteressados e indisciplinados e
falta de espaço.
Talvez isso explique, pelo menos em parte, o motivo de 17%
dos entrevistados, em média, já
ter abandonado a escola alguma
vez e depois voltado a estudar.
Separando por período, o percentual de estudantes de cursos
noturnos das 13 capitais que deixaram o estudo é maior -35,2%.
No curso diurno, esse percentual
cai para 8,9%.
A reprovação é outro dado
preocupante entre alunos do turno da noite.
O mais alto índice é encontrado
em Porto Alegre (RS) -76,4%-
e o menor, no Rio de Janeiro
-50,6%. Para o diurno, a maior
porcentagem de reprovação está
em Salvador (BA) -62,8%- e a
menor está em Curitiba (PR),
com 32,2%.
A pesquisa foi realizada nas seguintes capitais: Rio Branco, Macapá, Belém, Teresina, Maceió,
Salvador, Cuiabá, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, São Paulo, Rio
de Janeiro e Belo Horizonte
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