São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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Polícia investiga elo entre líder do TCP e Rocinha

MARIO HUGO MONKEN
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

A polícia do Rio investiga uma suposta aliança entre o líder da facção criminosa TCP (Terceiro Comando Puro), Robson André da Silva, o Robinho Pinga, e traficantes da favela da Rocinha (São Conrado, zona sul), personagens dos últimos acontecimentos da segurança pública do Estado.
Uma possível prova da ligação foi a apreensão de uma granada M-20 ontem na Rocinha. O artefato é do mesmo lote encontrado pela polícia na semana passada na favela da Coréia (zona oeste), reduto de Pinga. No arsenal havia 161 granadas (M-20 e M-3), oito minas terrestres, um fuzil e cerca de 19 mil munições.
O lote CEV 4-11-96, que teria cerca de 1.500 granadas, foi vendido inteiro à Aeronáutica, segundo o fabricante. No ano passado, 17 granadas do lote foram achadas em favelas cariocas.
Com a aliança, Pinga se fortaleceria ainda mais. O líder do TCP controla a venda de drogas em cerca de 20 favelas das zonas oeste e norte, além de ser um dos principais "matutos" (atacadistas).
Segundo a polícia, Pinga poderá se tornar o principal fornecedor da Rocinha, o maior entreposto de drogas do Rio, que tem faturamento mensal de R$ 50 milhões.
A suspeita de parceria entre Pinga e traficantes da Rocinha surgiu a partir de escutas feitas no último dia 14 em telefones usados por subordinados de Pinga. No mesmo dia, foi morto Luciano Barbosa da Silva, o Lulu, então chefe do tráfico na Rocinha.
Em uma conversa, o traficante Márcio José Sabino, o Matemático, auxiliar de Pinga, diz ao gerente da favela Cavalo de Aço (zona oeste), Marquinhos Bim, que traficantes da Rocinha presos no complexo de Bangu (zona oeste) pretendiam se aliar ao TCP.
Segundo a polícia, os traficantes da Rocinha queriam se aliar a Pinga para evitar uma nova invasão do grupo liderado por Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu. Pinga cederia armas e pessoal para a Rocinha. Em troca, passaria a fornecer cocaína e maconha.
A quadrilha da Rocinha rompeu com o CV (Comando Vermelho) desde que Lulu não cedeu algumas "bocas" a Dudu, como queriam os chefes da facção presos em Bangu 1.


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