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SEGURANÇA
Secretário cumpriu integralmente apenas 7 dos 15 principais compromissos feitos desde que assumiu o cargo no Rio
Após 1 ano, Garotinho não cumpre promessa
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro,
Anthony Garotinho, completou
ontem um ano à frente do cargo,
mas parte das promessas que
anunciou no período não saiu do
papel. Levantamento da Folha
mostra que, de suas 15 grandes
promessas, 7 foram cumpridas
integralmente e 3, parcialmente.
Garotinho assumiu em meio ao
aumento de ações violentas do
tráfico. Havia ainda uma disputa
na cúpula da pasta entre o então
secretário, Josias Quintal, e o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins.
Entre as promessas não cumpridas estão a obrigatoriedade de
exames de drogas em policiais, a
instalação de cabines blindadas, a
reformulação de cinco delegacias
especializadas e a compra de cinco helicópteros com câmeras que
transmitiriam as imagens para os
gabinetes da governadora Rosinha Matheus e do secretário.
Além disso, presos também não
passaram a costurar fardas para a
PM nem a construir casas populares, e não há monitoramento por
câmeras em 500 pontos. Estimado em R$ 100 milhões, o projeto
das câmeras seria feito em convênio com a Telemar. A Embratel,
concorrente da Telemar, acionou
o Estado ao exigir licitação.
O secretário abandonou o projeto e criou nos batalhões salas de
monitoramento, com câmeras
em pontos estratégicos -o que
só 3 dos 22 batalhões têm.
Garotinho também prometeu
retirar os presos das delegacias da
capital. A secretaria extinguiu as
carceragens, mas levou os presos
para o que passou a chamar de
delegacias concentradoras. Com
novo nome, os presos continuam
em carceragens no município.
A redução de dez índices criminais (ele ameaçou demitir Renato
Hottz, comandante-geral da PM,
e Álvaro Lins, se não ocorresse)
foi parcialmente obtida: subiram
homicídio doloso (10%), roubo a
residência (4,5%) e roubo a estabelecimento comercial (5%).
O secretário também anunciara
que a polícia agiria sem violência
nas comunidades carentes. O número de autos de resistência (pessoas mortas pela polícia) cresceu
10% de maio a dezembro de 2003
em relação ao mesmo período de
2002. O número de policiais mortos em serviço subiu 15,4%.
Foi cumprida a promessa de enquadrar como associação para o
tráfico pessoas presas queimando
ônibus, que respondiam por crime contra o patrimônio. Segundo
o delegado Rodrigo Oliveira (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), há cerca de 30 acusados
por esse tipo de crime.
Houve também compra de carros policiais sem licitação. Para a
pasta, a concorrência foi dispensada por critério de padronização.
O secretário contratou 1.103 novos delegados, fez concursos para
mais 4.000 PMs e inaugurou um
batalhão no complexo da Maré
(um dos maiores e mais violentos
conjunto de favelas do Rio), além
de comprar equipamento de interceptação telefônica que monitora até 800 ligações simultâneas.
Outro lado
A Folha tentou marcar entrevista com Garotinho por três dias,
mas ele disse que não falaria com
o jornal sobre segurança. Só receberia a reportagem, disse sua assessoria, para falar sobre política.
O comandante-geral da PM, Renato Hottz, afirmou que o aumento dos autos de resistência e o
número de PMs mortos são resultados da maior repressão ao tráfico de drogas.
O chefe de Polícia Civil, Álvaro
Lins, afirmou que o aumento de
homicídios e assaltos a residência
e ao comércio é superado pela
queda de outros tipos de crime
monitorados mensalmente. Ele
disse que a reformulação das cinco delegacias especializadas não
saiu do papel porque há uma ação
judicial questionando a área que
seria destinada às delegacias.
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