São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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Repercussão pautou decisão do STF, avalia igreja

DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de julgar o direito da mulher de interromper a gravidez nos casos de feto com anencefalia foi acolhida ontem com desgosto pela Igreja Católica e com satisfação por ONGs favoráveis ao aborto.
"[Os ministros] só pensam na repercussão pública. Está havendo uma mentalidade "abortista" no Brasil. É popular o aborto do feto anencéfalo", disse à Folha o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom Rafael Cifuentes, para quem a população não está devidamente esclarecida. Ele afirma que a posição da igreja sobre o assunto não deriva de um princípio religioso, mas do respeito à vida. "Quem grita em favor do bebê?"
Já para Dulce Xavier, socióloga integrante da ONG Católicas pelo Direito de Decidir, a notícia é um "sinal positivo". "Foi uma decisão importante ao não fechar a possibilidade de discussão." Ela ressalta o sofrimento da mulher e da família. "Obrigar as pessoas a passar por isso é uma maldade muito grande. A mulher organiza um enterro e não a festa pelo bebê."
A socióloga diz que a sociedade precisa discutir o assunto. "Não defendemos o aborto como método anticoncepcional ou algo fácil. O aborto envolve uma decisão difícil emocionalmente e fisicamente. O que se busca é o direito de decidir."


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