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Repercussão pautou decisão do STF, avalia igreja
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do STF (Supremo
Tribunal Federal) de julgar o
direito da mulher de interromper a gravidez nos casos de feto
com anencefalia foi acolhida
ontem com desgosto pela Igreja Católica e com satisfação por
ONGs favoráveis ao aborto.
"[Os ministros] só pensam
na repercussão pública. Está
havendo uma mentalidade
"abortista" no Brasil. É popular
o aborto do feto anencéfalo",
disse à Folha o presidente da
Comissão Episcopal Pastoral
para a Vida e a Família da
CNBB, dom Rafael Cifuentes,
para quem a população não está devidamente esclarecida. Ele
afirma que a posição da igreja
sobre o assunto não deriva de
um princípio religioso, mas do
respeito à vida. "Quem grita
em favor do bebê?"
Já para Dulce Xavier, socióloga integrante da ONG Católicas
pelo Direito de Decidir, a notícia é um "sinal positivo". "Foi
uma decisão importante ao
não fechar a possibilidade de
discussão." Ela ressalta o sofrimento da mulher e da família.
"Obrigar as pessoas a passar
por isso é uma maldade muito
grande. A mulher organiza um
enterro e não a festa pelo bebê."
A socióloga diz que a sociedade precisa discutir o assunto.
"Não defendemos o aborto como método anticoncepcional
ou algo fácil. O aborto envolve
uma decisão difícil emocionalmente e fisicamente. O que se
busca é o direito de decidir."
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