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URBANISMO
Especialistas temem dano ambiental; projeto prevê transformar Campo de Marte em parque como compensação
Projeto da nova marginal já é alvo de críticas
DA REPORTAGEM LOCAL
Urbanistas consultados pela reportagem reagiram com preocupação em relação ao projeto que
prevê a construção de novas faixas na marginal Tietê e a adoção
de pedágio urbano.
O advogado Antonio Pinheiro
Pedro, consultor ambiental, critica a obra. "Fala-se em preservar
áreas permeáveis, mas o discurso
não bate com a realidade."
Pelo projeto, uma área de 600
mil m2 deixaria de
ser permeável.
Uma opção estudada para compensar esse dano
ambiental é a utilização de parte do
Campo de Marte,
na zona norte da
capital, como parque municipal.
Segundo Pinheiro Pedro, por interferir na área de
preservação permanente ao longo
do rio, o projeto
sofrerá entraves
ambientais para
ser aprovado e implantado. "Uma
intervenção desse
porte na marginal
Tietê só deveria
ser realizada após
um estudo que levasse em conta
um replanejamento do trânsito
na cidade, incluindo o Rodoanel,
e do sistema de drenagem."
Para o engenheiro Aluisio Canholi, responsável pela introdução dos piscinões antienchente no
Brasil, a perda de área permeável
é insignificante. "Mas será necessário um estudo para evitar que,
com mais pistas, a chuva se acumule na marginal", disse.
""O sistema de microdrenagem
[bocas de lobo e bueiros] terá de
ser trocado com um bom projeto
de engenharia. Haverá mais água
nas pistas para ser retirada. Isso é
importante de ser analisado",
afirma Canholi.
Enchentes
O engenheiro Roberto Watanabe, especialista em hidrologia fluvial, afirma que a obra vai fazer
com que, no futuro, mais veículos
fiquem parados nas enchentes.
Isso ocorrerá, no seu entender,
porque as enchentes na marginal
não vão acabar com a obra realizada na calha do
Tietê. "A obra no
Tietê não vai solucionar nada. Foi o
que ocorreu na
enchente de 2005.
Eles diminuíram a
velocidade da
água, e deveria ter
sido feito o contrário", opina Watanabe.
Já Urubatan Helou, presidente do
sindicato dos
transportadores
de carga da capital, elogia as novas
pistas, mas quer
isenção para seus
6.500 filiados.
"Precisamos fazer
a marginal andar", diz Helou.
Para Nabil Bonduki, ex-vereador petista que relatou o Plano Diretor da cidade e a
lei de zoneamento, essa obra não
é prioritária. "O pedágio urbano
deve ser debatido pela população.
O que me incomoda é novamente
o poder público dar prioridade ao
transporte individual, em detrimento do coletivo, como os corredores de ônibus. Se continuarmos alargando a marginal nunca
vamos reverter esse modelo de
crescimento urbano."
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO E FABIO SCHIVARTCHE)
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