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SAÚDE
Pesquisa do governo de SP mostra que parcela da população que sofre da doença no Estado não faz visitas médicas regulares
Estado admite falha no controle do diabetes
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudo do próprio governo
paulista mostra que em São Paulo
o Sistema Único de Saúde, que dita as políticas do setor, falhou no
controle da hipertensão e do diabetes. As duas doenças são os
principais fatores de risco para
problemas circulatórios, os que
mais matam os brasileiros.
Muitas pessoas deixam de ir ao
médico -o que, segundo o estudo, expõe a dificuldade de acesso
ao sistema de saúde. Segundo o
levantamento, 37,8% dos hipertensos, em média, e 33,8% dos
diabéticos maiores de 20 anos não
fazem visitas periódicas ao médico ou a serviços de saúde.
Quando o assunto é a tomada
de remédios de rotina, os índices
também são preocupantes: 29,3%
dos hipertensos não utilizam a
medicação necessária regularmente, mas mais de 44% dos diabéticos têm o mesmo problema.
Os resultados reforçam, de
acordo com a própria pesquisa, a
necessidade de mudanças nas políticas públicas que tenham como
meta "o efetivo controle e seguimento das duas doenças crônicas". Os números estão no livro
"Saúde e condição de vida em São
Paulo", realizado pela Secretaria
da Saúde e universidades de SP e
foi lançado na última quinta-feira.
As dificuldades atingem ricos e
pobres, diz o estudo, que foi feito
com amostra de toda a população, e não só pessoas atendidas
pelo SUS. Foram entrevistados,
entre abril de 2001 e março de
2002, 6.819 moradores do Estado
de seis locais: Botucatu e Campinas, no interior de São Paulo, moradores da Subprefeitura do Butantã, na zona oeste da capital, e
dos municípios de Taboão da Serra, Embu e Itapecerica da Serra,
na Grande São Paulo.
"Não havia um levantamento
de base populacional havia dez
anos", afirma Chester Luiz Galvão
Cesar, diretor da Faculdade de
Saúde Pública da USP e um dos
coordenadores do projeto.
Outro dado desalentador apontado pelo estudo foi o que mostra
que apenas 26,3% dos hipertensos aderiam a uma dieta sem sal,
essencial para o controle da doença. Entre os diabéticos, a adesão à
alimentação correta foi melhor,
mas ainda longe do ideal: 62,7%.
Os dados sobre a recomendação
de regime e exercício são ainda
mais desafiadores: a maioria não
dá ouvidos a esta necessidade.
O menino Felipe Simões, 10,
diabético, levou dois anos para
conseguir o tratamento adequado. Sua mãe foi à Justiça para que
conseguisse fitas para controle,
insulinas e canetas de aplicação.
Hoje recebe tudo de graça do SUS.
"Cheguei a ir a dez lugares para
conseguir o tratamento", diz a
mãe, Flávia Simões.
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