São Paulo, sábado, 29 de abril de 2006

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SAÚDE

Pesquisa do governo de SP mostra que parcela da população que sofre da doença no Estado não faz visitas médicas regulares

Estado admite falha no controle do diabetes

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Estudo do próprio governo paulista mostra que em São Paulo o Sistema Único de Saúde, que dita as políticas do setor, falhou no controle da hipertensão e do diabetes. As duas doenças são os principais fatores de risco para problemas circulatórios, os que mais matam os brasileiros.
Muitas pessoas deixam de ir ao médico -o que, segundo o estudo, expõe a dificuldade de acesso ao sistema de saúde. Segundo o levantamento, 37,8% dos hipertensos, em média, e 33,8% dos diabéticos maiores de 20 anos não fazem visitas periódicas ao médico ou a serviços de saúde.
Quando o assunto é a tomada de remédios de rotina, os índices também são preocupantes: 29,3% dos hipertensos não utilizam a medicação necessária regularmente, mas mais de 44% dos diabéticos têm o mesmo problema.
Os resultados reforçam, de acordo com a própria pesquisa, a necessidade de mudanças nas políticas públicas que tenham como meta "o efetivo controle e seguimento das duas doenças crônicas". Os números estão no livro "Saúde e condição de vida em São Paulo", realizado pela Secretaria da Saúde e universidades de SP e foi lançado na última quinta-feira.
As dificuldades atingem ricos e pobres, diz o estudo, que foi feito com amostra de toda a população, e não só pessoas atendidas pelo SUS. Foram entrevistados, entre abril de 2001 e março de 2002, 6.819 moradores do Estado de seis locais: Botucatu e Campinas, no interior de São Paulo, moradores da Subprefeitura do Butantã, na zona oeste da capital, e dos municípios de Taboão da Serra, Embu e Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
"Não havia um levantamento de base populacional havia dez anos", afirma Chester Luiz Galvão Cesar, diretor da Faculdade de Saúde Pública da USP e um dos coordenadores do projeto.
Outro dado desalentador apontado pelo estudo foi o que mostra que apenas 26,3% dos hipertensos aderiam a uma dieta sem sal, essencial para o controle da doença. Entre os diabéticos, a adesão à alimentação correta foi melhor, mas ainda longe do ideal: 62,7%.
Os dados sobre a recomendação de regime e exercício são ainda mais desafiadores: a maioria não dá ouvidos a esta necessidade.
O menino Felipe Simões, 10, diabético, levou dois anos para conseguir o tratamento adequado. Sua mãe foi à Justiça para que conseguisse fitas para controle, insulinas e canetas de aplicação. Hoje recebe tudo de graça do SUS.
"Cheguei a ir a dez lugares para conseguir o tratamento", diz a mãe, Flávia Simões.


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