da Reportagem Local

O Conselho Universitário da USP ratificou ontem a decisão de um mês atrás de demitir o professor João Rubens Zinsly, da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), por roubo de gado da universidade, entre outros atos considerados ilícitos.
Segundo o processo -que durou cinco anos e reúne mais de mil páginas de documentos-, Zinsly pode ter remarcado mais de 1.200 cabeças de gado, substituindo a marca da universidade pela de sua propriedade.
Também foram demitidos quatro funcionários da Esalq -o campus da USP em Piracicaba (170 km a noroeste de São Paulo). Todos perdem o direito à aposentadoria pela universidade. Zinsly tinha mais de 30 anos de carreira na escola.
Em suas atividades na Fazenda Experimental Anhembi, do Departamento de Genética da Esalq, o professor e seus funcionários teriam desviado recursos da ordem de R$ 2.500, referentes à venda de milho produzido o local, e R$ 7.500, recebidos de venda de bois.
Em síntese, ele foi demitido por "falta de prestação de contas, remarcação de gado, utilização indevida de bem público e subtração de documentos públicos" -tudo isso em um período que se inicia ainda na década de 80 e vai até o início do processo, em 1993.
Zinsly foi procurado ontem à tarde e no início da noite por telefone em sua casa, mas não foi localizado. A comissão que o processou na USP incluía nomes conhecidos em direito, como o de Álvaro Villaça Azevedo, atual diretor da Faculdade de Direito da USP, e de José Rogério Cruz e Tucci, também da faculdade.
A decisão foi tomada pelo Conselho Universitário depois de a Congregação da Esalq (órgão deliberativo da unidade) votar contra a demissão. "Realmente deveria ter uma punição, mas não a demissão", defende o diretor da Esalq, Evaristo Marzabal Neves.
As demissões de professores na USP são episódios raríssimos -já que todos têm estabilidade no emprego. A última foi há dois anos, quando uma professora do Instituto de Psicologia foi acusada de plágio em uma tese. (FR)


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