São Paulo, quarta, 29 de abril de 1998

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Professores de SP ameaçam fazer greve

Antonio Gaudério/Folha Imagem
Manifestação de professores em frente à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo


MARTA AVANCINI
da Reportagem Local

Os professores da rede estadual de São Paulo ameaçam entrar em greve a partir de 8 de maio, caso a Secretaria de Estado da Educação não revogue um decreto que dispõe sobre as jornadas de trabalho dos docentes.
O decreto 42.965 foi publicado no "Diário Oficial" do Estado em 28 de março e diz, no artigo 16, que os docentes contatados em regime temporário -os chamados ACTs- serão "dispensados" ao final do ano letivo.
A secretaria informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que apenas serão demitidos os ACTs que foram contratados este ano e que estão substituindo professores concursados em licença e que não têm curso de licenciatura.
Segundo a assessoria, eles representam uma minoria dos ACTs que trabalham na rede estadual -cerca de 130 mil, o que representa 70% do total de professores.
Também será publicado no "Diário Oficial" do Estado um comunicado esclarecendo a aplicação do decreto.
O indicativo de greve foi aprovado em assembléia realizada ontem em São Paulo, que reuniu professores de todo o Estado.
Segundo a Polícia Militar havia 3.500 pessoas na assembléia. O sindicato dos professores estima em 20 mil os participantes.
A adesão dos professores surpreendeu até os dirigentes da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).Eles ocuparam toda a área em frente à Assembléia Legislativa, que tem capacidade para 20 mil pessoas. "Foi uma boa surpresa", disse Roberto Felício, presidente da Apeoesp.
A partir da deliberação, a Apeoesp espera abrir negociações com a Secretaria de Estado da Educação visando revogar o decreto. "Se não há intenção de demitir, como eles dizem, por que não revogar o decreto? Não queremos trabalhar o ano todo com uma espada cravada em nosso pescoço", diz Felício.
Segundo ele, as decisões da assembléia serão protocoladas hoje na secretaria. Caso o decreto não seja suspenso até 7 de maio, os professores podem aprovar greve por tempo indeterminado a partir do dia 8, data em que a Apeoesp programa realizar um novo protesto na praça da República.
Também foi realizada ontem, na rampa lateral da Assembléia Legislativa, uma aula pública em defesa da educação e da universidade pública. Participaram do evento cerca de 450 estudantes das cinco universidades públicas do Estado -duas federais e três estaduais.
As aulas foram ministradas por Roberto Romano (filósofo político da Unicamp) e por Aziz Ab'Saber (professor aposentado da USP, especializado em ciências da terra).



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