São Paulo, quarta, 29 de abril de 1998

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"Eletro" pode identificar candidatos à morte súbita

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

JULIO ABRAMCZYK
enviado especial ao Rio

O exame de eletrocardiograma pode ser a chave para identificar potenciais candidatos à morte súbita -um quadro de problemas cardiovasculares que levam à morte em até uma hora. Uma parada cardíaca fulminante pode matar em quatro minutos.
O presidente da Sociedade Britânica de Cardiologia, Ronald Campbell, está desenvolvendo um estudo que relaciona a ocorrência de morte súbita às diferenças de duração das contrações cardíacas.
A pesquisa sobre o segmento QT (a contração cardíaca completa) é considerada uma das principais novidades do 13º Congresso Mundial de Cardiologia, no Riocentro (zona oeste).
A morte súbita é um dos grandes desafios dos especialistas, porque, até o estudo de Campbell, não tinha formas de diagnóstico precoce.
O eletrocardiograma mostra 12 posições diferentes do coração. Em cada uma, uma contração dura, em média, 40 milisegundos (um milésimo de segundo), e é normal haver diferenças na duração delas.
Campbell mostra que, se o exame indicar 12 tempos diferentes em cada posição (derivação do eletrocardiograma), com duração de 50 a 70 milisegundos, a pessoa já apresenta alterações nos impulsos elétricos e pode sofrer morte súbita, mesmo sem doença aparente.
Mais de 85% dos casos de morte súbita de origem cardiovascular ocorrem por fibrilação ventricular (uma forma de arritmia provocada pela desorganização dos impulsos elétricos das células cardíacas).

Futebol
O especialista afirmou que, pelo efeito da fibrilação, as células -embora estejam bem individualmente- não funcionam em conjunto.
"É como o time de futebol do meu país: os jogadores não são ruins, mas o conjunto é caótico e sério candidato à morte súbita", brincou Campbell, que é escocês de nascimento.
Campbell disse que, se o eletrocardiograma indicar alterações, o paciente tem que fazer outros exames e receber acompanhamento médico constante.
O especialista pesquisa agora outros marcadores que possam revelar sinais de propensão à morte súbita, como taxas de colesterol.

Hora de ouro
Pelo menos 20% das vítimas de morte súbita desconheciam seus problemas cardiovasculares. Cerca de 40% dos casos estão relacionados a doenças coronarianas, especialmente ao infarto do miocárdio.
Nesses casos, a parada cardíaca ocorre quase sempre na primeira hora após o infarto. Por isso, essa primeira hora é considerada pelos especialistas "a hora de ouro" para o atendimento médico, quando os especialistas tentam dissolver o coágulo que provocou o infarto.

Dor
Ao primeiro sintoma de dor no peito, a pessoa deve procurar um hospital. Se estiver inconsciente, com sinais de parada cardiorrespiratória, tem que receber massagens e respiração artificial.



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