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"Eletro" pode identificar candidatos à morte súbita
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
JULIO ABRAMCZYK
enviado especial ao Rio
O exame de eletrocardiograma
pode ser a chave para identificar
potenciais candidatos à morte súbita -um quadro de problemas
cardiovasculares que levam à morte em até uma hora. Uma parada
cardíaca fulminante pode matar
em quatro minutos.
O presidente da Sociedade Britânica de Cardiologia, Ronald
Campbell, está desenvolvendo um
estudo que relaciona a ocorrência
de morte súbita às diferenças de
duração das contrações cardíacas.
A pesquisa sobre o segmento QT
(a contração cardíaca completa) é
considerada uma das principais
novidades do 13º Congresso Mundial de Cardiologia, no Riocentro
(zona oeste).
A morte súbita é um dos grandes
desafios dos especialistas, porque,
até o estudo de Campbell, não tinha formas de diagnóstico precoce.
O eletrocardiograma mostra 12
posições diferentes do coração.
Em cada uma, uma contração dura, em média, 40 milisegundos
(um milésimo de segundo), e é
normal haver diferenças na duração delas.
Campbell mostra que, se o exame indicar 12 tempos diferentes
em cada posição (derivação do eletrocardiograma), com duração de
50 a 70 milisegundos, a pessoa já
apresenta alterações nos impulsos
elétricos e pode sofrer morte súbita, mesmo sem doença aparente.
Mais de 85% dos casos de morte
súbita de origem cardiovascular
ocorrem por fibrilação ventricular
(uma forma de arritmia provocada
pela desorganização dos impulsos
elétricos das células cardíacas).
Futebol
O especialista afirmou que, pelo
efeito da fibrilação, as células
-embora estejam bem individualmente- não funcionam em
conjunto.
"É como o time de futebol do
meu país: os jogadores não são
ruins, mas o conjunto é caótico e
sério candidato à morte súbita",
brincou Campbell, que é escocês
de nascimento.
Campbell disse que, se o eletrocardiograma indicar alterações, o
paciente tem que fazer outros exames e receber acompanhamento
médico constante.
O especialista pesquisa agora
outros marcadores que possam
revelar sinais de propensão à morte súbita, como taxas de colesterol.
Hora de ouro
Pelo menos 20% das vítimas de
morte súbita desconheciam seus
problemas cardiovasculares. Cerca de 40% dos casos estão relacionados a doenças coronarianas, especialmente ao infarto do miocárdio.
Nesses casos, a parada cardíaca
ocorre quase sempre na primeira
hora após o infarto. Por isso, essa
primeira hora é considerada pelos
especialistas "a hora de ouro" para o atendimento médico, quando
os especialistas tentam dissolver o
coágulo que provocou o infarto.
Dor
Ao primeiro sintoma de dor no
peito, a pessoa deve procurar um
hospital. Se estiver inconsciente,
com sinais de parada cardiorrespiratória, tem que receber massagens e respiração artificial.
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