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CPI critica estratégia da polícia
SORAYA AGÉGE
DA REPORTAGEM LOCAL
A CPI estadual do narcotráfico
concluiu que a estratégia da polícia paulista para combater médios e grandes traficantes, envolvidos em conexões internacionais, é ineficiente. Levantamento
feito na última quinta-feira pelos
deputados mostrou que mais de
90% dos traficantes presos são envolvidos em pequenos esquemas
de distribuição de drogas.
O assassinato do ex-piloto e investigador do Gerco (Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado) Luciano Sturba, 37, dia
20, fez com que os deputados fizessem uma reunião fechada para
avaliar a situação, na última semana. Os deputados acreditam
que ele foi morto por integrantes
da conexão Colômbia-Suriname.
A análise da CPI é de que os policiais e testemunhas de médios e
grandes esquemas de tráfico não
têm proteção mínima e que a estrutura para as investigações é
precária.
A própria CPI vai pedir um orçamento extra para continuar sua
ação. No orçamento estão incluídos até o custeio de viagens para
policiais que auxiliam as investigações da comissão. O valor não
foi divulgado.
Os deputados vão levar sua análise ao secretário da Segurança
Pública de São Paulo, Marco Vinicio Petrelluzzi, na próxima semana. O secretário só pretende comentar o caso quando receber o
relatório da Assembléia Legislativa, segundo sua assessoria.
Assassinato
Sturba era um dos policiais mais
especializados em tráfico aéreo no
Estado. Ele trabalhava em conjunto com a CPI estadual e teria
reunido um dossiê com informações inéditas sobre um braço de
tráfico aéreo de drogas da conexão no interior paulista.
Ele foi morto por oito homens
na madrugada do último dia 20,
em sua casa, em São Paulo. Segundo o relator de tráfico aéreo
da CPI, deputado Renato Simões
(PT), ele tinha identificado a localização de três chefes da conexão
no Brasil e montara um esquema
para prendê-los no dia seguinte.
Os familiares de Sturba mostraram dossiês que o policial tinha
levado para sua casa um dia antes
do assassinato, com o objetivo de
prender os três suspeitos.
De acordo com o relator de tráfico aéreo, o Gerco funciona como o "serviço de inteligência" da
polícia, mas possui apenas um delegado, dois escrivães e quatro investigadores.
"Seria um embrião da polícia
para combater médios e grandes
traficantes, mas os próprios policiais estão desprotegidos", disse.
Segundo o relator, os deputados
vão pedir um maior aparelhamento do Gerco. "Inclusive para a
proteção dos próprios policiais,
que planejam operações de vulto,
mas não têm segurança própria,
como ocorreu com Sturba", disse.
Conexão Suriname
O esquema de tráfico investigado por Sturba envolve a distribuição de armas do Suriname para as
Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que seriam as responsáveis pelo envio
de cocaína. Um dos canais de distribuição seria Belém do Pará e a
cidade de Itaituba, no sul do Pará.
A droga chegaria ao eixo Rio-São
Paulo pelos aeroportos de Atibaia
(65 km de São Paulo) e Campo de
Marte, na capital.
Sturba concentrava a maior
parte das informações sobre a conexão entre os aeroportos de Atibaia, Campo de Marte, em São
Paulo, e outros em Mato Grosso,
que serviria para a distribuição de
maconha do Paraguai.
Estão foragidos três suspeitos
de integrar a quadrilha que agiria
em Atibaia e São Paulo: os donos
de hangar Odarício Quirino Ribeiro Neto e José Gomes Filho e o
empresário de Barueri José Ferreira da Silva, que comandaria a
operação.
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