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Proposta premiada é abandonada
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Premiado internacionalmente,
o projeto "Mutirão 50", implementado em Fortaleza no início
dos anos 90, foi abandonado. O
problema: a demora para que as
casas ficassem prontas -em quatro anos de projeto, apenas cem
foram construídas.
A consagração da idéia aconteceu na conferência Habitat 2, em
Istambul, na Turquia, em 1996.
Em princípio, tratava-se de um
projeto de mutirão igual aos outros, com a participação popular
diretamente na construção das
casas, enquanto a prefeitura entrava com a infra-estrutura.
A diferença era que os próprios
beneficiados produziam o material de construção, suficiente para
construir suas moradias e para a
comercialização.
Dessa forma, os custos da obra
eram pagos pelos futuros moradores. Em média, com o terreno e
a urbanização, a prefeitura gastava por cada casa de 26 metros
quadrados cerca de R$ 2.000.
Num projeto de mutirão comum, em que o governo entra
com todo o material, o custo sobe
para R$ 3.700 -um acréscimo de
85%. "A idéia, na teoria, foi premiada, mas, na hora de passarmos para a prática, vimos que o
projeto era inviável", afirmou Roberto da Frota Cavalcanti, da Comissão de Habitação da Prefeitura de Fortaleza.
Em quatro anos, por causa da
demora com que as casas populares eram construídas, apenas dois
conjuntos habitacionais, cada um
com 50 casas, ficaram prontos,
um em Fortaleza e outro em Caucaia, município vizinho.
"Temos um déficit habitacional
em Fortaleza de 100 mil moradias,
sendo 60 mil só com relação à população de baixa renda. Diante
disso, as próprias comunidades
pressionaram para que houvesse
um projeto mais rápido."
Enquanto tocava as obras do
"Mutirão 50", o então prefeito Juraci Magalhães (PMDB) decidiu
colocar em prática um projeto de
mutirão tradicional, que construiu 7.000 casas, em 35 conjuntos
habitacionais.
Em sua gestão atual (de 1996 até
este ano), o prefeito Juraci Magalhães decidiu abandonar totalmente os mutirões e priorizar a
entrega de casas prontas, construídas por empreiteiras, à população carente. Nos últimos quatro
anos, foram entregues 3.000 residências populares na cidade. Cada apartamento custa, em média,
R$ 9.500, pago pelo beneficiado
por meio de um financiamento da
própria prefeitura, em 20 anos.
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