São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 2000


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Proposta premiada é abandonada

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Premiado internacionalmente, o projeto "Mutirão 50", implementado em Fortaleza no início dos anos 90, foi abandonado. O problema: a demora para que as casas ficassem prontas -em quatro anos de projeto, apenas cem foram construídas.
A consagração da idéia aconteceu na conferência Habitat 2, em Istambul, na Turquia, em 1996. Em princípio, tratava-se de um projeto de mutirão igual aos outros, com a participação popular diretamente na construção das casas, enquanto a prefeitura entrava com a infra-estrutura.
A diferença era que os próprios beneficiados produziam o material de construção, suficiente para construir suas moradias e para a comercialização.
Dessa forma, os custos da obra eram pagos pelos futuros moradores. Em média, com o terreno e a urbanização, a prefeitura gastava por cada casa de 26 metros quadrados cerca de R$ 2.000.
Num projeto de mutirão comum, em que o governo entra com todo o material, o custo sobe para R$ 3.700 -um acréscimo de 85%. "A idéia, na teoria, foi premiada, mas, na hora de passarmos para a prática, vimos que o projeto era inviável", afirmou Roberto da Frota Cavalcanti, da Comissão de Habitação da Prefeitura de Fortaleza.
Em quatro anos, por causa da demora com que as casas populares eram construídas, apenas dois conjuntos habitacionais, cada um com 50 casas, ficaram prontos, um em Fortaleza e outro em Caucaia, município vizinho.
"Temos um déficit habitacional em Fortaleza de 100 mil moradias, sendo 60 mil só com relação à população de baixa renda. Diante disso, as próprias comunidades pressionaram para que houvesse um projeto mais rápido."
Enquanto tocava as obras do "Mutirão 50", o então prefeito Juraci Magalhães (PMDB) decidiu colocar em prática um projeto de mutirão tradicional, que construiu 7.000 casas, em 35 conjuntos habitacionais.
Em sua gestão atual (de 1996 até este ano), o prefeito Juraci Magalhães decidiu abandonar totalmente os mutirões e priorizar a entrega de casas prontas, construídas por empreiteiras, à população carente. Nos últimos quatro anos, foram entregues 3.000 residências populares na cidade. Cada apartamento custa, em média, R$ 9.500, pago pelo beneficiado por meio de um financiamento da própria prefeitura, em 20 anos.


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