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CONSUMO
ALIMENTAÇÃO
Consumidor deve prestar atenção às condições da embalagem e às informações presentes no rótulo
Conservas podem trazer riscos à saúde
EUNICE NUNES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Aparentemente inofensivos, os
alimentos em conserva, se não forem produzidos com rígidos padrões de manuseio e envasamento, podem ser perigosos à saúde.
O maior perigo é a presença da
bactéria Clostridum botulinun,
que produz a toxina causadora do
botulismo, doença que pode levar
à morte (leia texto ao lado).
O problema ocorre nas conservas ácidas de vegetais ou de carnes, como as de palmito, picles,
salsicha, champinhon, alcachofra,
pimentão, milho, ervilha etc.
Mas tem ocorrido com mais frequência em conservas de palmito,
devido à extração clandestina e
predatória.
Vários casos de botulismo provocados por palmito em conserva
foram registrados em 1997 e 1998.
Em função disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVS) iniciou uma fiscalização
mais severa sobre as empresas
produtoras e distribuidoras de
palmito em conserva.
A ação levou ao cancelamento
do registro de 28 indústrias e das
suas marcas conhecidas (leia quadro à direita). A ANVS também
subordinou a importação de palmito em conserva à inspeção prévia.
A medida visa especialmente o
palmito boliviano, responsável
por vários casos de botulismo.
Nem o clostridum nem outros
microorganismos prejudiciais à
saúde são visíveis a olho nu. Ou
seja, a boa aparência do produto
não significa que o alimento está
bom para o consumo.
Latas estufadas, amassadas ou
enferrujadas, nem pensar em utilizar.
O mesmo vale para conservas
com líquido turvo, alteração da
cor do alimento, forte odor ou
presença de gás nas embalagens.
Por serem produtos delicados,
as conservas não podem ser armazenadas no chão ou expostas
ao sol. Nessas condições, podem
estragar. O Procon de São Paulo
recomenda não comprar nem
usar embalagens com rótulos superpostos, pois pode haver fraude, por exemplo, quanto à data de
validade.
O Clostridum botulinun está
presente na terra, assim como outros fungos e bactérias. "Para impedir que ele se transforme na toxina botulínica, além da higiene
indispensável no manuseio dos
produtos, o índice de acidez (ph)
do líquido conservante tem de ser
inferior a 4,5", informa Othon
Abrahão, coordenador de testes
do Idec (Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor).
Segundo Renata Molina, técnica da área de alimentos do Procon/SP, o clostridum é sensível ao
calor e pode ser desativado pela
fervura. Ela recomenda que todo
o produto em conserva seja fervido por 15 minutos.
"A fervura pode ser em água ou
na própria solução conservante.
Os 15 minutos são contados a partir do momento em que o alimento entrou em fervura", alerta.
A técnica do Procon/SP diz que
em pizzas e pastéis não está afastado o risco, pois o tempo de forno e fritura, respectivamente, não
são suficientes.
Abrahão disse que há conservas
cujos rótulos não contêm dados
importantes, como orientações
para conservação do produto
após a abertura da embalagem.
Ele disse que é fundamental para
a saúde do consumidor a fiscalização rigorosa da ANVS sobre as
indústrias de conservas.
Uma conserva bem feita pode
durar até dez anos.
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