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DROGAS
Segundo perito da Unicamp, gravações de telefonemas mostram que o pagodeiro Belo negociava cocaína com traficante
Laudo aponta contato entre tráfico e cantor
DA SUCURSAL DO RIO
O perito Ricardo Molina concluiu que é o cantor Marcelo Pires
Viana, o Belo, quem fala com o traficante da favela do Jacarezinho (zona norte do Rio) Valdir Ferreira, o Vado, em telefonema gravado pela polícia. Belo será indiciado sob a acusação de praticar associação ao tráfico, informou a
Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Molina, foneticista da Unicamp (Universidade de Campinas), entregou ao chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, o laudo que preparou sobre as gravações. "Naquela gravação é o Belo quem fala.
Não temos dúvidas de que ele é o
interlocutor da conversa com o
traficante", afirmou Teixeira.
Com base no laudo, o cantor,
que é investigado pela Draco (Delegacia de Repressão ao Crime
Organizado), será indiciado,
anunciou o delegado. A pena para
o crime de associação ao tráfico é
de três anos a dez anos de prisão.
As gravações, feitas com autorização judicial na casa de Belo no
Rio, mostram uma suposta conversa do cantor com Vado, sobre
a compra de um carregamento de
cocaína, descrito como "tecido fino", em troca de um tênis, que
significaria, segundo a interpretação da polícia, um fuzil AR-15.
O chefe da Polícia Civil disse
que as investigações vão apurar se
Belo financiava o tráfico no Jacarezinho e se também atuava como
traficante. Outras pessoas ligadas
ao cantor, cujos nomes não foram
revelados, estão sendo investigadas pela polícia, disse Teixeira.
O delegado Ricardo Hallak, titular da Draco, informou que convocará o cantor para novo depoimento, ainda sem data marcada.
Segundo ele, apesar de ter negado, Belo não o fez categoricamente, "deixando brechas para desconfiança da polícia".
Agora, os investigadores vão
pedir à Justiça a quebra dos sigilos
bancário e fiscal do cantor. Caso
as informações não sejam suficientes, Hallak também pode requerer à quebra dos sigilos de
amigos e parentes, além da namorada de Belo, Viviane Araújo.
O foneticista Molina descreveu
a perícia da fita como um trabalho
de rotina, em que as amostras de
voz "questionadas" [a gravação"
são comparadas com as amostras
chamadas "padrão", que são entrevistas e outras gravações feitas
pelo cantor. "A partir das palavras
e expressões, características acústicas e cacoetes articulatórios, fazemos um gráfico, que é o raio x
da voz", explicou o perito.
Segundo ele, duas peculiaridades que ajudaram na avaliação foram a dificuldade do cantor pronunciar as letras "r" e "l" e a voz
aspirada de Belo.
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