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CRIME ORGANIZADO
Quadrilha ligada a Linho, líder da ADA, aplicou quase R$ 1 milhão em negócios e imóveis, segundo o Denarc
Tráfico do Rio investe dinheiro em São Paulo
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
MÁRIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A quadrilha ligada ao traficante
mais procurado hoje no Rio de Janeiro, Paulo César da Silva Santos,
o Linho, investiu nos últimos quatro anos cerca de R$ 1 milhão em
negócios e imóveis em São Paulo.
A conexão de investimentos,
cujo montante pode ser ainda
maior, é resultado de quase um
ano de investigação do Denarc
(Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos),
com a ajuda da polícia do Rio.
A maioria dos bens pertence ao
homem que é apontado como o
braço-direito de Linho: Ubiratan
da Silva Oliveira, o Bira, também
desaparecido, que em 99 começou a trazer para a capital paulista
parte do dinheiro da venda de
drogas da ADA (Amigo dos Amigos) nos morros cariocas.
Em São Paulo, aos finais de semana, frequentavam rodas de pagode, em bares movimentados da
zona leste, e guiavam carros importados. Sem serem identificados, administravam farmácias,
posto de gasolina, agência de veículos e até um lava-rápido.
Sumiram entre janeiro e fevereiro. Não se sabe se estão vivos. A
polícia investiga a possibilidade
de um ter matado o outro em uma
disputa interna da facção.
Segundo o delegado Pascoal Ditura, do Denarc, os negócios da
quadrilha podem ter servido para
lavar dinheiro do tráfico. ""Vamos
investigar como esses bens foram
obtidos e, comprovada a aquisição ilícita, vamos pedir o sequestro do patrimônio", afirma.
Linho, cujo advogado abandonou o caso, é o maior rival de Fernandinho Beira-Mar no fornecimento de drogas e armas para favelas do Rio, diz a polícia. Assim
como Beira-Mar, Linho tem contatos no Paraguai e na Bolívia.
Bira levava uma vida discreta
com a mulher na Vila Sacadura,
em Santo André (Grande SP). Há
um ano, comprou uma casa semi-acabada e reformou quase tudo
para concluir uma pequena fortaleza com piscina, sauna, sala de ginástica, três quartos -um deles
com hidromassagem-, três banheiros e garagem.
Nos fundos, o traficante fez um
cômodo subterrâneo, cuja abertura era acionada por controle remoto. Dentro, a polícia não encontrou drogas, mas apreendeu
quarenta caixas de munição de
pistola calibre .40 -do mesmo tipo que a polícia paulista usa.
""Eles eram só de "bom dia e boa
noite"", afirma uma das vizinhas.
O casal viajava muito e sempre recebia visitas de amigos. Segundo
o Denarc, Bira dizia ser advogado
e até juiz. Para isso, tinha cartões,
adesivos e documentos falsos.
Com a localização da casa e
apreensão de documentos, a polícia rastreou os bens. Bira deixou
às pressas o imóvel em setembro
de 2002, após seu motorista ser
preso com uma Mercedes.
Há um ano, o traficante montou
uma farmácia no Paraíso (zona
sul), que estava sendo vendida
quando a polícia a encontrou.
""Não estamos comprando nada
agora, só vendendo o estoque",
disse uma das seis funcionárias.
Na lista de investimentos consta
ainda um posto de gasolina na
avenida Santo Amaro, também
na zona sul, comprado em um negócio feito com uma agência de
carros que funcionava em São
Bernardo.
Linho, com nome falso, era sócio do negócio de Bira. Segundo o
Denarc, funcionários reconheceram as fotos dos dois.
O grupo tinha ainda uma casa
de praia em Peruíbe -onde a polícia paulista prendeu a mulher do
traficante Robson André da Silva,
o Robinho Pinga, um dos líderes
da facção criminosa Terceiro Comando (TC)- e um apartamento de frente para o mar, com dois
quartos, na Praia Grande -o último endereço de Bira, de onde ele
sumiu no dia 9 de fevereiro.
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