FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O programa brasileiro de combate à Aids foi o vencedor do Prêmio Gates de Saúde Global de 2003, oferecido anualmente pela Fundação Bill & Melinda Gates, fundada pelo bilionário norte-americano Bill Gates.
O governo brasileiro vai receber US$ 1 milhão (cerca de US$ 3 milhões) da fundação, que considerou o programa brasileiro um modelo de combate ao HIV e à Aids em países em desenvolvimento. A estratégia de combate à Aids no Brasil combina o acesso gratuito ao tratamento anti-retroviral com campanhas de prevenção ao HIV.
O prêmio será entregue hoje em Washington durante a 30ª conferência internacional do Conselho Global de Saúde, que reúne anualmente autoridades de saúde de vários países do mundo.
O governo brasileiro deverá usar o dinheiro para financiar grupos de base comunitária que cuidam de órfãos e pessoas que vivem com o vírus HIV ou que desenvolveram a Aids.
O programa de combate à Aids no Brasil foi uma iniciativa do ex-ministro da Saúde José Serra. A partir de 1996, o país passou a garantir acesso universal gratuito a medicamentos anti-retrovirais.
O governo conseguiu reduzir os custos do tratamento negociando preços mais baixos com as indústrias farmacêuticas e fabricando versões genéricas de alguns medicamentos.
Atualmente, cerca de 115 mil pessoas são beneficiadas pelo tratamento gratuito. Autoridades brasileiras estimam que, desde 1996, o programa tenha reduzido a mortalidade decorrente da Aids em quase 50%, e as infecções oportunistas, entre 60% e 80%. Estima-se também que o programa tenha evitado 360 mil internações entre 1997 e 2001, gerando uma economia de mais de US$1 bilhão ao sistema de saúde.
"O Brasil mostrou que, com perseverança, criatividade e compaixão, é possível para um país fortemente atingido reverter a epidemia de Aids", disse William Foege, diretor da Fundação Bill & Melinda Gates, que tem um patrimônio de mais de US$ 24 bilhões para apoiar pesquisas e iniciativas consideradas inovadoras.


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