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VIOLÊNCIA
Presidente de sindicato de motoristas de Piracicaba teria encomendado, em 2001, morte de líder de entidade em Osasco
Preso sindicalista acusado de ordenar crime
CLAUDIO LIZA JUNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
O presidente do Sindicato dos
Motoristas Rodoviários de Piracicaba, Renato dos Santos, 59, foi
preso ontem acusado de ser o
mandante do assassinato do presidente do sindicato da categoria
em Osasco, Ismeraldo Nunes da
Silva, 58. O crime aconteceu em
maio de 2001, no Jardim Arpoador, em São Paulo.
Santos foi preso por policiais do
DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da capital, quando estacionava o carro
em frente ao sindicato, às 8h30.
O delegado do DHPP que apura
o caso, Flávio Affonso da Costa,
informou, por meio de assessoria
de imprensa, ter indícios de que o
sindicalista teria encomendado o
assassinato por conta de uma disputa de poder na Federação dos
Trabalhadores em Transportes
Rodoviários do Estado.
Silva era o segundo tesoureiro
da federação. O sindicalista de Piracicaba estava com relações cortadas com a entidade. "O Renato
Santos queria forçar situações para que a federação defendesse
suas ações em segunda instância.
Como não gostamos dessa postura, as relações estavam cortadas",
disse o advogado da entidade, José Alberto Blandy.
O alvo, porém, não seria o presidente do sindicato em Osasco, segundo a polícia. A vítima, conforme as investigações, seria um sindicalista ligado a ele, cujo nome
não foi revelado. Ao abordar Silva, o assassino procurava essa
pessoa, mas não a encontrou.
Santos ficará detido no DHPP
até hoje, quando deve ser transferido para um presídio em São
Paulo. A polícia conseguiu na Justiça a prisão temporária por 15
dias, para juntar mais provas.
A pessoa que teria matado Silva
a mando do acusado, conhecido
como Carlão, está sendo procurada pela polícia em Piracicaba.
O DHPP está investigando uma
lista com outros três sindicalistas
que seriam alvos de assassinato.
Na sede do sindicato, o DHPP
apreendeu um revólver calibre 38,
um videocassete, uma fita de vídeo e dois computadores.
Segundo o vice-presidente do
sindicato de Piracicaba, Valdivino
Lucas, 38, o único inimigo reconhecido de Santos no sindicalismo é o presidente do Sindicato
dos Trabalhadores de Transportes de Cargas Secas e Molhadas de
São Paulo e Itapecerica da Serra,
José Carlos Sena, que é investigado pelo depósito de pelo menos
dez cheques da entidade em contas bancárias pessoais, totalizando cerca de R$ 1 milhão.
Ele teve sua prisão temporária
decretada na sexta-feira e atribui
os depósitos a empréstimos. Sena
teria auxiliado a montar uma chapa de oposição a Santos em sua
reeleição à frente da entidade em
Piracicaba em 1999. O pleito foi
realizado com chapa única encabeçada por Santos, e a oposição
invadiu o sindicato. No tumulto,
o segurança Ramon Miranda de
Oliveira, 23, foi baleado e morreu.
"O Renato [dos Santos] só tinha
divergências com esse Sena, que
veio fazer a eleição aqui em 99. Na
época, a oposição não preenchia
os requisitos pedidos no estatuto
para a disputa, mas mesmo assim
tentaram forçar uma situação, invadindo o sindicato", disse Lucas.
Outro lado
O Sindicato dos Motoristas Rodoviários de Piracicaba informou
que Santos nega relação com a
morte Silva. Uma equipe de três
advogados seguiu para São Paulo,
logo após a prisão do sindicalista,
para estabelecer a defesa. Eles vão
tentar, na Justiça, a revogação da
prisão temporária.
Nenhum dos advogados foi localizado ontem pela Folha.
"Trabalho com o Santos desde
91 e não há nada que pese contra
ele, nenhuma passagem criminal.
Fiquei surpreso com a prisão e tenho convicção de que ele não é
culpado", disse Lucas. Santos é
presidente da entidade desde
1991. Foi reeleito em 94 e 99.
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