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São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2003

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VIOLÊNCIA

Presidente de sindicato de motoristas de Piracicaba teria encomendado, em 2001, morte de líder de entidade em Osasco

Preso sindicalista acusado de ordenar crime

CLAUDIO LIZA JUNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

O presidente do Sindicato dos Motoristas Rodoviários de Piracicaba, Renato dos Santos, 59, foi preso ontem acusado de ser o mandante do assassinato do presidente do sindicato da categoria em Osasco, Ismeraldo Nunes da Silva, 58. O crime aconteceu em maio de 2001, no Jardim Arpoador, em São Paulo.
Santos foi preso por policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da capital, quando estacionava o carro em frente ao sindicato, às 8h30.
O delegado do DHPP que apura o caso, Flávio Affonso da Costa, informou, por meio de assessoria de imprensa, ter indícios de que o sindicalista teria encomendado o assassinato por conta de uma disputa de poder na Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado.
Silva era o segundo tesoureiro da federação. O sindicalista de Piracicaba estava com relações cortadas com a entidade. "O Renato Santos queria forçar situações para que a federação defendesse suas ações em segunda instância. Como não gostamos dessa postura, as relações estavam cortadas", disse o advogado da entidade, José Alberto Blandy.
O alvo, porém, não seria o presidente do sindicato em Osasco, segundo a polícia. A vítima, conforme as investigações, seria um sindicalista ligado a ele, cujo nome não foi revelado. Ao abordar Silva, o assassino procurava essa pessoa, mas não a encontrou.
Santos ficará detido no DHPP até hoje, quando deve ser transferido para um presídio em São Paulo. A polícia conseguiu na Justiça a prisão temporária por 15 dias, para juntar mais provas.
A pessoa que teria matado Silva a mando do acusado, conhecido como Carlão, está sendo procurada pela polícia em Piracicaba.
O DHPP está investigando uma lista com outros três sindicalistas que seriam alvos de assassinato.
Na sede do sindicato, o DHPP apreendeu um revólver calibre 38, um videocassete, uma fita de vídeo e dois computadores.
Segundo o vice-presidente do sindicato de Piracicaba, Valdivino Lucas, 38, o único inimigo reconhecido de Santos no sindicalismo é o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes de Cargas Secas e Molhadas de São Paulo e Itapecerica da Serra, José Carlos Sena, que é investigado pelo depósito de pelo menos dez cheques da entidade em contas bancárias pessoais, totalizando cerca de R$ 1 milhão.
Ele teve sua prisão temporária decretada na sexta-feira e atribui os depósitos a empréstimos. Sena teria auxiliado a montar uma chapa de oposição a Santos em sua reeleição à frente da entidade em Piracicaba em 1999. O pleito foi realizado com chapa única encabeçada por Santos, e a oposição invadiu o sindicato. No tumulto, o segurança Ramon Miranda de Oliveira, 23, foi baleado e morreu.
"O Renato [dos Santos] só tinha divergências com esse Sena, que veio fazer a eleição aqui em 99. Na época, a oposição não preenchia os requisitos pedidos no estatuto para a disputa, mas mesmo assim tentaram forçar uma situação, invadindo o sindicato", disse Lucas.

Outro lado
O Sindicato dos Motoristas Rodoviários de Piracicaba informou que Santos nega relação com a morte Silva. Uma equipe de três advogados seguiu para São Paulo, logo após a prisão do sindicalista, para estabelecer a defesa. Eles vão tentar, na Justiça, a revogação da prisão temporária.
Nenhum dos advogados foi localizado ontem pela Folha.
"Trabalho com o Santos desde 91 e não há nada que pese contra ele, nenhuma passagem criminal. Fiquei surpreso com a prisão e tenho convicção de que ele não é culpado", disse Lucas. Santos é presidente da entidade desde 1991. Foi reeleito em 94 e 99.


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