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SAÚDE
Programa do Ministério da Saúde fará o mapeamento genético das diferentes "espécies' do vírus em todo o país
Brasil cria rede para "caçar' HIV resistente
LUCIA MARTINS
da Reportagem Local
O Ministério da Saúde está
criando um programa para mapear geneticamente as "espécies"
de HIV -que causa a Aids- existentes no Brasil e saber qual é a taxa de resistência primária aos remédios que combatem o vírus.
Com esse trabalho, será possível
saber se quem é infectado se contamina com um vírus que já não
responde a certos remédios e qual
é a taxa dessa resistência ao coquetel de drogas anti-Aids no país.
Além de ajudar o médico a escolher o melhor tratamento e prolongar a vida dos portadores, esse
mapeamento também poderá
nortear o Ministério da Saúde na
hora de comprar -ou parar de
comprar- os anti-retrovirais
(por lei, o governo é obrigado a
fornecer todos os remédios contra
a Aids). "Seremos o único país do
3º Mundo a ter uma rede como essa", afirma Pedro Chequer, coordenador do programa de Aids.
O projeto já começou a analisar
amostras "positivas" de sangue
de pessoas que fizeram teste para
detecção do vírus na rede pública
de São Paulo. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) já começou a fazer as análises de identificação do vírus que foi adquirido por essas pessoas. "Já estamos
trabalhando nessas amostras e esperamos ter resultados em breve", afirma Ricardo Diaz, responsável pelo trabalho na Unifesp.
O ministério pretende fazer um
mapeamento nacional. Em cada
Estado, pesquisadores de universidades analisarão amostras de
sangue de pessoas testadas na rede
pública. Assim, será possível adotar diferentes estratégias médicas
regionais de ataque ao vírus.
O mapeamento genético do HIV
para checar resistência é hoje considerado a arma do futuro contra
o vírus. O governo norte-americano está montando um megalaboratório com esse objetivo.
A explicação para isso é a grande
capacidade que o HIV tem de "se
esconder" dos remédios. Quando
"ataca" uma pessoa, o vírus inicia -se não for controlado por
um remédio- um processo intenso de multiplicação.
O coquetel de remédios inibe enzimas (transcriptase reversa e protease) que ajudam o vírus a se reproduzir e, com um exército formado, criar a infecção. A mistura
de três ou mais medicamentos
-chamada de coquetel- que age
nessas enzimas é o melhor tratamento para a doença até hoje encontrado. Cerca de 80% dos pacientes têm a carga viral reduzida a
zero na corrente sanguínea.
O problema é que, em algum
momento, o vírus começa a se
multiplicar e há falência de tratamento. A falência pode ser ainda
maior se a terapia já começa errada -é o caso de pessoas que pegam vírus já resistentes a um certo
tipo de remédio e se tratam exatamente com essa droga.
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