São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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AMBIENTE

Empresa, que não entregou no prazo obras em área contaminada de Paulínia, diz que obtenção de licenças atrasou processo

Atraso gera multa de R$ 12 mil/dia à Shell

DA FOLHA CAMPINAS

A Shell recebeu uma multa diária de R$ 12,4 mil por não cumprir no prazo duas medidas exigidas no processo de recuperação da área contaminada no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia (126 km de São Paulo).
Segundo a Cetesb (agência ambiental do Estado), que aplicou a infração, a empresa não instalou uma barreira hidráulica para conter o avanço de pesticidas organoclorados em direção ao rio Atibaia e deixou de construir uma estação que trataria a água retida por essa barreira.
O prazo para que as duas medidas fossem cumpridas terminou em março deste ano, segundo a Cetesb. A multa, aplicada no último dia 23, vale por 30 dias e pode ser prorrogada por tempo indeterminado, segundo a agência.
O órgão informou ainda que relatórios realizados em outubro de 2003 e em janeiro e abril deste ano mostram que os produtos (pesticidas organoclorados) que contaminaram o solo e o lençol freático do bairro, onde a Shell tinha uma fábrica, continuam se deslocando em direção ao rio Atibaia.
A Cetesb não informou de quanto foi o avanço dos produtos nem qual é o risco de contaminação do curso de água.
A Shell fabricou pesticidas organoclorados em seu sítio em Paulínia entre as décadas de 1970 e 1990. Em 1994, a empresa assumiu ter contaminado o solo e água com drins (utilizados na fabricação dos pesticidas).
A instalação das barreiras e a construção da estação de tratamento foram propostas pela empresa em maio de 2001, em meio a um pacote de medidas para tentar remediar a contaminação.
O objetivo era cumprir todas as determinações em até cinco anos, mas algumas ações tinham prazos de execução menores, como as que agora têm a conclusão cobrada pela Cetesb.
A agência ambiental também determinou que a empresa apresente um plano de contingenciamento para proteger a saúde da população para o caso de ocorrer contaminação do rio Atibaia.
Além disso, a Shell também terá de remover o solo contaminado na área adjacente aos incineradores e dar destinação final adequada ao material recolhido.

Outro lado
A Shell informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o cronograma original de implementação das medidas de remediação ficou prejudicado por causa da necessidade de obtenção de inúmeros licenciamentos e autorizações exigíveis.
Segundo a empresa, a falta dessas autorizações já havia sido informada às autoridades.


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