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Máfia da propina derruba Viscome, 1º vereador cassado pela Câmara de SP
Rubens Cavallari/Folha Imagem
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Já cassado, Vicente Viscome (sem partido) é levado da Câmara Municipal com escolta de policiais militares para a delegacia onde está preso |
Plenário considerou que ele era culpado das 5 acusações
Apenas 14 dos 52 vereadores optaram pela "absolvição"
Viscome disse não ter feito nada que outros não fizessem
Garib vai ser julgado hoje pela Assembléia Legislativa
OTÁVIO CABRAL
ROGÉRIO GENTILE
da Reportagem Local
Em decisão inédita e histórica, a Câmara Municipal de São
Paulo cassou o vereador Vicente Viscome (expulso do PPB). É
a primeira vez que um parlamentar paulistano perde o mandato por decisão de seus colegas.
Viscome foi considerado culpado nas cinco acusações que
foram produzidas pela CPI da máfia da propina:
a) utilização do mandato de vereador para obtenção de vantagens financeiras indevidas;
b) uso do servidor público Vladimir Augusto Ferreira, contratado pelo Anhembi, em comitê político particular;
c) influência sobre o administrador regional da Penha para
que faixas com propaganda política ilegal não fossem retiradas das ruas;
d) descumprimento de ordem de prisão temporária decretada pela Justiça de São Paulo e
e) não-comparecimento a duas sessões da CPI para as quais
havia sido convocado a depor como acusado.
O vereador cassado teve no máximo o voto de 14 dos 52 vereadores que puderam votar ontem. Como a votação foi secreta, não é possível dizer como cada um votou.
A sessão que expulsou Viscome da Câmara Municipal durou
cerca de sete horas. Antes mesmo do início da votação, o advogado dele, Ademar Gomes, já admitia a derrota. "Eles (os vereadores) nem estão ouvindo a exposição da defesa. Estão intimidados, acovardados. O destino do Vicente (Viscome) é ser
bode expiatório", afirmou Gomes, que vai recorrer à Justiça.
Com a decisão do plenário, Viscome não pode mais sair da
cadeia, já que tinha uma autorização judicial para deixar a prisão e comparecer às sessões da Câmara.
Viscome permaneceu sentado e calado durante praticamente todo o tempo. Levantou-se apenas quando foi chamado a se
defender na tribuna. Disse que é inocente e que não havia praticado nada que os seus colegas também não tivessem feito.
Com olhar cabisbaixo, apenas coçou a barba quando -minutos antes da contagem dos votos- as pessoas que estavam
na galeria começaram a cantar "ai, ai, ai, ai. Tá chegando a hora...", em alusão aos seus últimos momentos como vereador.
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