São Paulo, Terça-feira, 29 de Junho de 1999
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INVESTIGAÇÃO
Deputado é acusado de peculato, concussão, prevaricação e formação de quadrilha, mas nega envolvimento
Polícia indicia Garib após depoimento

SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local

O ex-vereador e deputado estadual Hanna Garib (suspenso do PPB) foi indiciado (acusado formalmente pela polícia) ontem sob a acusação de ter cometido quatro crimes: concussão (usar cargo público para exigir benefícios), peculato (usar bem público para fins particulares), prevaricação (deixar de cumprir função pública) e formação de quadrilha.
Garib é apontado por testemunhas e acusados como sendo o principal beneficiário de uma rede de corrupção coordenada por funcionários da Regional da Sé, órgão que controlou politicamente até o final do ano passado.
O envolvimento do deputado no esquema também foi investigado pela Comissão de Ética da Assembléia Legislativa, que recomendou a cassação de seu mandato.
O indiciamento aconteceu depois de o deputado depor por mais de nove horas a um grupo formado por dois delegados, um promotor e dois representantes do procurador-geral de Justiça do Estado, Luiz Antônio Marrey.
A acusação de concussão é sustentada basicamente em dois depoimentos. O primeiro deles é o do segurança Luiz Antonio da Silva, o Lula. Ele disse à polícia e à CPI da máfia que durante um mês e meio, em 97, entregou semanalmente nas mãos de Garib R$ 2.000 extorquidos de ambulantes ilegais do centro. Duas testemunhas confirmaram a acusação.
O segundo depoimento é o do ex-chefe do rapa da rua 25 de Março, José Raimundo dos Santos, o PT. Santos admitiu que extorquia dinheiro dos camelôs e que, como os demais fiscais, entregava a quantia para o chefe do depósito da Sé, que deveria fazer a partilha.
Segundo o acusado, além de envelopes em seu nome e de seus colegas, sempre havia um em nome do vereador Hanna Garib.
A acusação de prevaricação se baseia, sobretudo, em declarações do comerciante Nelson Augustaitis. Segundo ele, no final de 98, Garib presenciou a conversa em que ele reclamou ao regional da Sé que continuava tendo seus carrinhos de cachorro-quente apreendidos, apesar de pagar propina.
Por fim, Garib foi indiciado sob a acusação de peculato porque, segundo fiscais, mercadorias apreendidas iam para o comitê do então candidato a deputado.


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