São Paulo, Terça-feira, 29 de Junho de 1999
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Fortuna cresceu 60 vezes em 26 anos

ANDRÉ LUIZ GHEDINI
do Banco de Dados

O vereador Vicente Benedito Viscome (sem partido) aumentou seu patrimônio pessoal mais de 60 vezes em quase 26 anos. Passou de R$ 260 mil, em 1971, para uma fortuna avaliada em cerca de R$ 16,5 milhões declarados, em 1997.
Segundo o próprio Viscome diz, ele partiu do nada: morou em favela e trabalhou como engraxate, vendedor de limão e de meias.
Para explicar a origem de sua fortuna, Viscome se compara ao rei Midas: "Onde ponho a mão, vira ouro". E acrescenta: "Acordo cedo e vou dormir tarde".
Viscome nasceu numa família humilde. Seu pai era sapateiro. A mãe, que morreu quando ele tinha 8 anos, era tecelã. Na escola, Viscome conseguiu apenas terminar o curso primário (até a 4ª série do ensino fundamental).
Passou a lavar carros em uma revendedora na Mooca (bairro de classe média na zona sudeste de São Paulo), onde passou a maior parte da vida.
Foi também vendedor de carros usados e, tempos depois, abriu sua própria revendedora, fechada há três anos. E foi comprando e vendendo carros que Viscome afirma ter feito a sua fortuna, que hoje inclui 127 imóveis.
Viscome é casado (embora não viva com sua mulher) e tem três filhos. O mais novo, Luis Manoel, foi acusado de ser funcionário fantasma da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e afastado em março. O advogado de Viscome na época, José Guilherme Raimundo, disse desconhecer a denúncia.
Viscome já respondeu a 11 ações na Justiça. Foi julgado em apenas duas delas, uma agressão e uma tentativa de homicídio. Na agressão, foi absolvido. Na tentativa de homicídio, foi condenado a três meses de prisão. A acusação era que ele tinha tentado matar seu ex-sócio Paulo Asano em 1990. A pena virou prestação de serviços comunitários por dois anos.
A ligação de Viscome com a política vem do começo da década de 60, quando trabalhou como cabo eleitoral do vereador Januário Mantelli Neto (PRT).
O teste nas urnas, entretanto, só veio em 1992, quando Viscome se candidatou a vereador pelo extinto PDS. Os 10.017 votos que recebeu lhe garantiram uma suplência.
Em 1994, com a morte do então vereador Toninho Sampaio, Viscome assumiu a cadeira.
Na eleição seguinte, em 1996, Viscome foi eleito pelo PPB para a atual legislatura com 27.046 votos.
Um de seus projetos na Câmara prevê multa para os autores de faixas, cartazes e outdoors que contiverem erros de português.
Este ano, acusado pela polícia de comandar a máfia da propina na Penha (zona sudeste de São Paulo), Viscome foi expulso do PPB em março e teve sua cassação sugerida pela CPI da máfia da propina.


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