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Fortuna cresceu 60 vezes em 26 anos
ANDRÉ LUIZ GHEDINI
do Banco de Dados
O vereador Vicente Benedito
Viscome (sem partido) aumentou
seu patrimônio pessoal mais de 60
vezes em quase 26 anos. Passou de
R$ 260 mil, em 1971, para uma fortuna avaliada em cerca de R$ 16,5
milhões declarados, em 1997.
Segundo o próprio Viscome diz,
ele partiu do nada: morou em favela e trabalhou como engraxate,
vendedor de limão e de meias.
Para explicar a origem de sua fortuna, Viscome se compara ao rei
Midas: "Onde ponho a mão, vira
ouro". E acrescenta: "Acordo cedo
e vou dormir tarde".
Viscome nasceu numa família
humilde. Seu pai era sapateiro. A
mãe, que morreu quando ele tinha
8 anos, era tecelã. Na escola, Viscome conseguiu apenas terminar o
curso primário (até a 4ª série do
ensino fundamental).
Passou a lavar carros em uma revendedora na Mooca (bairro de
classe média na zona sudeste de
São Paulo), onde passou a maior
parte da vida.
Foi também vendedor de carros
usados e, tempos depois, abriu sua
própria revendedora, fechada há
três anos. E foi comprando e vendendo carros que Viscome afirma
ter feito a sua fortuna, que hoje inclui 127 imóveis.
Viscome é casado (embora não
viva com sua mulher) e tem três filhos. O mais novo, Luis Manoel, foi
acusado de ser funcionário fantasma da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e afastado em
março. O advogado de Viscome na
época, José Guilherme Raimundo,
disse desconhecer a denúncia.
Viscome já respondeu a 11 ações
na Justiça. Foi julgado em apenas
duas delas, uma agressão e uma
tentativa de homicídio. Na agressão, foi absolvido. Na tentativa de
homicídio, foi condenado a três
meses de prisão. A acusação era
que ele tinha tentado matar seu ex-sócio Paulo Asano em 1990. A pena
virou prestação de serviços comunitários por dois anos.
A ligação de Viscome com a política vem do começo da década de
60, quando trabalhou como cabo
eleitoral do vereador Januário
Mantelli Neto (PRT).
O teste nas urnas, entretanto, só
veio em 1992, quando Viscome se
candidatou a vereador pelo extinto
PDS. Os 10.017 votos que recebeu
lhe garantiram uma suplência.
Em 1994, com a morte do então
vereador Toninho Sampaio, Viscome assumiu a cadeira.
Na eleição seguinte, em 1996,
Viscome foi eleito pelo PPB para a
atual legislatura com 27.046 votos.
Um de seus projetos na Câmara
prevê multa para os autores de faixas, cartazes e outdoors que contiverem erros de português.
Este ano, acusado pela polícia de
comandar a máfia da propina na
Penha (zona sudeste de São Paulo), Viscome foi expulso do PPB
em março e teve sua cassação sugerida pela CPI da máfia da propina.
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