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SEGURANÇA PÚBLICA
Ladrões usam técnicas sofisticadas; polícia suspeita de que quadrilha já tenha agido em assaltos a bancos
Assaltantes não deixam pistas do roubo
DA REPORTAGEM LOCAL
Os ladrões eram todos Joões
(um chamava o outro apenas por
João), usavam luvas cirúrgicas e
gorros na cabeça. Esse foi o jeito
encontrado pela quadrilha para
não deixar pistas para a polícia.
De uma vez, impediram que os
moradores do Vila América descobrissem seus nomes, dificultaram a identificação de impressões
digitais e o reconhecimento no
caso de prisão após a fuga.
A ação foi tão organizada que
ontem os policiais desconheciam
em quantos veículos os assaltantes chegaram ao prédio. Por isso,
não houve perseguição após a comunicação do roubo.
Vizinhos que perceberam a movimentação estranha dentro do
prédio teriam avisado a polícia
pelo telefone, registrado às 4h40.
A quadrilha tratou ainda de não
deixar rastro durante a fuga. Dos
três carros levados, dois foram
encontrados pelos policiais horas
após o assalto, em lados opostos
da cidade e distantes.
A Mercedes de um dos moradores apareceu por volta das 7h,
dentro de um condomínio de
classe média-alta no Parque São
Domingos, região de Pirituba (zona noroeste de São Paulo). ""Desconfiei do carro porque o vidro
estava aberto, e a chave estava no
contato. Fora isso, esse tipo de
carro é comum aqui", disse o soldado Cleber Willian Pereira dos
Santos, que achou o veículo.
O carro tipo Gol levado de um
dos funcionários do condomínio
só apareceu no final da tarde, na
região de São Mateus (zona sudeste da capital).
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo avaliou ontem
que o arrastão no prédio da alameda Franca faz parte de uma nova modalidade de operação de ex-assaltantes de bancos.
Essas quadrilhas de bancos teriam mudado de modalidade em
razão das dificuldades da ação. Os
bancos, por exemplo, aumentaram os investimentos em sistema
de proteção.
O perfil dos assaltantes de bancos coincide com o dos autores do
arrastão: são grandes grupos bem
organizados, com sistema de comunicação eletrônica, usam armamentos pesados e só praticam
roubos bem planejados.
O secretário da Segurança Pública, Marco Vinício Petrelluzzi,
não comentou o caso. Sua assessoria informou que ele está aberto
a discutir com os moradores de
prédios e com a polícia medidas
de combate a esse tipo de crime.
Tese
A polícia trabalha com a hipótese de que a quadrilha tenha infiltrado algum funcionário no prédio e deve convocar todos, inclusive ex-funcionários, para depor.
Uma das moradoras, que pediu
para não ser identificada, disse
que foi rendida quando desceu de
seu apartamento, imaginando
que estivesse sendo acionada por
funcionários do prédio. Ela afirmou que não tem idéia de como
os ladrões conseguiram entrar e
que mora nesse prédio principalmente porque teme assaltos.
Os visitantes que chegam ao
condomínio precisam se identificar por um interfone instalado ao
lado do portão.
Não há contato direto com os
funcionários. O porteiro fica à
distância, protegido por um sistema de câmeras de TV e vidro à
prova de balas.
Até encomendas e cartas têm
entrada específica. Passam por
gavetas e aberturas na parede da
portaria, a exemplo do que ocorre
em cadeias.
""Se conseguiram entrar nesse,
imagina se não irão voltar para
entrar em outros prédios", disse
um morador vizinho que não
quis se identificar.
(ALESSANDRO SILVA E SORAYA AGÉGE)
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