São Paulo, sábado, 29 de julho de 2000


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Lançada campanha contra projeto que proíbe propaganda de fumo

LISANDRA PARAGUASSÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) começou ontem uma nova campanha contra a aprovação da lei que proíbe a propaganda de cigarro em rádio e TV. Ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde contra-ataca com uma nova campanha anti-fumo.
A veiculação dos anúncios coincidirá com o período em que a lei deverá entrar em votação na Câmara dos Deputados. Segundo o comunicado distribuído pela Abert às emissoras, "a campanha (contra a proibição de propaganda de fumo) seria muito eficaz se o seu início fosse em 28 de julho e o término, em 28 de setembro". A lei está prevista para entrar na pauta da Câmara na primeira quinzena de agosto.
"É claro que os anúncios foram programados para coincidir com a votação", diz Paulo Carvalho, vice-presidente da Abert. "Neste momento queremos chamar a atenção para nossa posição contrária à proibição."
A campanha do ministério não tem, em princípio, data para terminar. A intenção é evitar que, um dia depois de o novo filme sair do ar, a Abert ou alguma outra instituição contrária à proibição da propaganda de cigarros entre com nova campanha.
O novo filme preparado pelo ministério tem a intenção de chocar. No vídeo, um ex-fumante, o jornalista José Carlos Gomes, 64, conta que, quando era jovem, achava interessantes e charmosas as imagens de fumantes. Hoje, com as duas pernas amputadas e os braços paralisados em função de um derrame, causado pelo cigarro, diz que essa é a imagem que lhe restou. O slogan é "Essa propaganda o cigarro não faz".
O texto da nova campanha da Abert é basicamente o mesmo das propagandas anteriores, que mostravam apenas o rosto de uma mulher enquanto o texto era lido.
Afirma que a associação é a favor da liberdade de expressão e da divulgação de produtos cuja fabricação é legal, e não aceita "proibições e censura, pilares do autoritarismo".
É o mesmo discurso sugerido pela empresa de cigarros Phillip Morris em um plano estratégico para a América Latina, documento publicado pela Folha no dia 3 de julho. A Abert nega qualquer ligação com a multinacional.
A novidade dessa campanha é a introdução de uma frase afirmando que a associação é contra a venda de cigarros para menores de 18 anos.
Carvalho explica que a Abert defende uma lei que proíba a venda para adolescentes e quer debater o assunto. Na verdade, a proibição já existe no Estatuto da Criança e do Adolescente, que tem força de lei.
A lei contra a propaganda de cigarros, proposta pelo Ministério da Saúde, além de proibir a publicidade em rádio e TV também não permite o patrocínio de shows, eventos culturais e esportivos.
O texto recebeu um parecer contrário do deputado Pinheiro Landim (PMDB-CE) na Comissão de Ciência e Tecnologia, e depois um favorável, do deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.


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