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Lançada campanha contra projeto que proíbe propaganda de fumo
LISANDRA PARAGUASSÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Abert (Associação Brasileira
de Emissoras de Rádio e Televisão) começou ontem uma nova
campanha contra a aprovação da
lei que proíbe a propaganda de cigarro em rádio e TV. Ao mesmo
tempo, o Ministério da Saúde
contra-ataca com uma nova campanha anti-fumo.
A veiculação dos anúncios coincidirá com o período em que a lei
deverá entrar em votação na Câmara dos Deputados. Segundo o
comunicado distribuído pela
Abert às emissoras, "a campanha
(contra a proibição de propaganda de fumo) seria muito eficaz se
o seu início fosse em 28 de julho e
o término, em 28 de setembro". A
lei está prevista para entrar na
pauta da Câmara na primeira
quinzena de agosto.
"É claro que os anúncios foram
programados para coincidir com
a votação", diz Paulo Carvalho,
vice-presidente da Abert. "Neste
momento queremos chamar a
atenção para nossa posição contrária à proibição."
A campanha do ministério não
tem, em princípio, data para terminar. A intenção é evitar que,
um dia depois de o novo filme sair
do ar, a Abert ou alguma outra
instituição contrária à proibição
da propaganda de cigarros entre
com nova campanha.
O novo filme preparado pelo
ministério tem a intenção de chocar. No vídeo, um ex-fumante, o
jornalista José Carlos Gomes, 64,
conta que, quando era jovem,
achava interessantes e charmosas
as imagens de fumantes. Hoje,
com as duas pernas amputadas e
os braços paralisados em função
de um derrame, causado pelo cigarro, diz que essa é a imagem
que lhe restou. O slogan é "Essa
propaganda o cigarro não faz".
O texto da nova campanha da
Abert é basicamente o mesmo das
propagandas anteriores, que
mostravam apenas o rosto de
uma mulher enquanto o texto era
lido.
Afirma que a associação é a favor da liberdade de expressão e da
divulgação de produtos cuja fabricação é legal, e não aceita
"proibições e censura, pilares do
autoritarismo".
É o mesmo discurso sugerido
pela empresa de cigarros Phillip
Morris em um plano estratégico
para a América Latina, documento publicado pela Folha no dia 3
de julho. A Abert nega qualquer
ligação com a multinacional.
A novidade dessa campanha é a
introdução de uma frase afirmando que a associação é contra a
venda de cigarros para menores
de 18 anos.
Carvalho explica que a Abert
defende uma lei que proíba a venda para adolescentes e quer debater o assunto. Na verdade, a proibição já existe no Estatuto da
Criança e do Adolescente, que
tem força de lei.
A lei contra a propaganda de cigarros, proposta pelo Ministério
da Saúde, além de proibir a publicidade em rádio e TV também
não permite o patrocínio de
shows, eventos culturais e esportivos.
O texto recebeu um parecer
contrário do deputado Pinheiro
Landim (PMDB-CE) na Comissão de Ciência e Tecnologia, e depois um favorável, do deputado
Jutahy Júnior (PSDB-BA) na Comissão de Constituição e Justiça
da Câmara.
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