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Prefeitura deve detalhar projeto de loteamento na segunda
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo só vai
apresentar na segunda-feira o
projeto definitivo dos loteamentos que pretende construir para
abrigar moradores retirados dos
viadutos da cidade.
Ontem, tanto a Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação
de São Paulo) quanto a Sehab (Secretaria de Habitação e Urbanismo) não quiseram divulgar nem
mesmo o endereço exato dos terrenos onde, afirmam, serão construídas as casas.
Em ambos os órgãos, ninguém
sabe informar detalhes sobre o
projeto. A "Operação Viaduto",
que retira os moradores das áreas
de risco, começou há uma semana, e muitos deles já tiveram pertences apreendidos.
As únicas informações até agora
vêm da Secretaria de Comunicação. Serão dois terrenos na zona
leste - 250 mil metros quadrados ao todo. Lá serão colocadas, a
priori, casas pré-moldadas de madeira. Os loteamentos terão capacidade para até 3.000 famílias.
O local será urbanizado, com
pavimentação das ruas, instalação de rede de água e esgoto e iluminação, de acordo com a Sehab.
Os moradores deverão pagar
até R$ 27 por mês pelos lotes. As
transferências vão começar em 60
dias, segundo o secretário de Comunicação, Antenor Braido.
Desconfiança
Os moradores dos viadutos que
devem ser desocupados não acreditam na promessa dos loteamentos na zona leste.
O guardador de carros João
Cláudio Pereira, 53, mora embaixo do viaduto Jabaquara (zona
sudoeste de SP) há cinco anos e
reclama da decisão da prefeitura.
"Se eu pudesse estar em outro
lugar, não estaria vivendo aqui",
disse Pereira, que está há 16 anos
morando nas ruas de São Paulo.
Ele já foi confeiteiro e garçom, e
disse não acreditar que a prefeitura lhe dê uma boa casa.
Outra moradora do viaduto Jabaquara, que vive lá desde que ficou desempregada, há seis anos,
também mostrou medo diante da
possibilidade de ser desalojada.
"Só acredito na casa que eles
prometeram, vendo. No albergue
não fico. Não dá para levar nada e
a gente tem que ficar "zanzando" o
dia inteiro", afirmou a moradora,
que não quis se identificar.
Ela disse que se preocupa principalmente porque não tem renda
fixa. "Não dá para pagar aluguel.
Já tentamos arrumar uma saída,
mas não conseguimos", afirmou.
O feirante Mário Lúcio da Conceição, 47, que mora no viaduto
Jabaquara há 35 anos, também reclama. "Não tenho condição de
pagar aluguel", disse Conceição
que trabalha na Ceagesp.
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