São Paulo, sábado, 29 de julho de 2000


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Prefeitura deve detalhar projeto de loteamento na segunda

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo só vai apresentar na segunda-feira o projeto definitivo dos loteamentos que pretende construir para abrigar moradores retirados dos viadutos da cidade.
Ontem, tanto a Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo) quanto a Sehab (Secretaria de Habitação e Urbanismo) não quiseram divulgar nem mesmo o endereço exato dos terrenos onde, afirmam, serão construídas as casas.
Em ambos os órgãos, ninguém sabe informar detalhes sobre o projeto. A "Operação Viaduto", que retira os moradores das áreas de risco, começou há uma semana, e muitos deles já tiveram pertences apreendidos.
As únicas informações até agora vêm da Secretaria de Comunicação. Serão dois terrenos na zona leste - 250 mil metros quadrados ao todo. Lá serão colocadas, a priori, casas pré-moldadas de madeira. Os loteamentos terão capacidade para até 3.000 famílias.
O local será urbanizado, com pavimentação das ruas, instalação de rede de água e esgoto e iluminação, de acordo com a Sehab.
Os moradores deverão pagar até R$ 27 por mês pelos lotes. As transferências vão começar em 60 dias, segundo o secretário de Comunicação, Antenor Braido.

Desconfiança
Os moradores dos viadutos que devem ser desocupados não acreditam na promessa dos loteamentos na zona leste.
O guardador de carros João Cláudio Pereira, 53, mora embaixo do viaduto Jabaquara (zona sudoeste de SP) há cinco anos e reclama da decisão da prefeitura.
"Se eu pudesse estar em outro lugar, não estaria vivendo aqui", disse Pereira, que está há 16 anos morando nas ruas de São Paulo.
Ele já foi confeiteiro e garçom, e disse não acreditar que a prefeitura lhe dê uma boa casa.
Outra moradora do viaduto Jabaquara, que vive lá desde que ficou desempregada, há seis anos, também mostrou medo diante da possibilidade de ser desalojada.
"Só acredito na casa que eles prometeram, vendo. No albergue não fico. Não dá para levar nada e a gente tem que ficar "zanzando" o dia inteiro", afirmou a moradora, que não quis se identificar.
Ela disse que se preocupa principalmente porque não tem renda fixa. "Não dá para pagar aluguel. Já tentamos arrumar uma saída, mas não conseguimos", afirmou.
O feirante Mário Lúcio da Conceição, 47, que mora no viaduto Jabaquara há 35 anos, também reclama. "Não tenho condição de pagar aluguel", disse Conceição que trabalha na Ceagesp.



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