São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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AVIAÇÃO

A partir do dia 8, grandes centros terão corredores preferenciais para aviões; meta é agilizar pousos e decolagens

Muda o acesso a aeroportos do centro-sul

Fotos Moacyr Lopes Junior/ Folha Imagem
Movimento de aviões durante final de tarde na região do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, um dos mais movimentados do país


JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

O tráfego aéreo dos principais aeroportos do centro-sul do país vai passar por uma reformulação a partir do dia 8 de agosto. Nas imediações dos grandes centros, como São Paulo, Rio e Brasília, serão criados corredores preferenciais de acesso mais ágil e seguro das aeronaves, a fim de agilizar pousos e decolagens.
A região concentra 70% dos vôos do país. Alguns deles podem ficar mais longos, pois os aviões terão de entrar em uma espécie de corredor de pouso. Atualmente, há várias rotas para chegar aos aeroportos, o que causa congestionamento no ar e cria dificuldades para que os controladores de vôo organizem o tráfego. Com rotas mais longas, as aeronaves poderão gastar mais combustível, mas as empresas afirmam que não haverá alteração de tarifa nem muito tempo adicional nas viagens.
Um exemplo é a criação de um corredor de chegada e de saída específico para o aeroporto Antônio Carlos Jobim (Galeão), no Rio. Antes, as aeronaves da ponte aérea SP-Rio só tinham a opção de rota para o aeroporto Santos Dumont, e daí para o Galeão.
O aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), também passará a contar com rotas exclusivas de chegada e de saída.
Os vôos de Porto Alegre a São Paulo, com o novo corredor, poderão ter um acréscimo de cerca de dois minutos. Isso porque a aeronave terá de fazer um contorno para entrar na "fila" de pouso para o aeroporto de Congonhas, na capital paulista, por exemplo.

Sobrecarga
Controladores de vôo ouvidos pela reportagem informaram que as mudanças poderão trazer mais sobrecarga para alguns pontos de gerenciamento do tráfego aéreo. Com os mesmos equipamentos usados atualmente, mais aviões passariam a ser controlados pelo mesmo número de operadores.
Um dos pontos em que poderá ocorrer aumento do volume de trabalho é no ACC (Centro de Controle de Área) Brasília, que, entre outras obrigações, monitora os aviões que chegam à região de controle de São Paulo pelo norte da cidade de Campinas.
Com o remanejamento das rotas, os controladores do ACC Brasília vão ter de monitorar também os vôos oriundos do oeste de Campinas [do Paraná, de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e do Chile, entre outros".
A Aeronáutica não respondeu ao pedido de informação sobre os possíveis entraves das alterações de rotas aéreas.
Um outro ponto controverso do novo sistema, conforme apurou a reportagem, deverá ocorrer em solo. Como a capacidade de pousos será ampliada, poderá haver falta de espaço para os aviões nos hangares e filas no desembarque.
Apesar de, na prática, haver um mecanismo que regule o número de operações por hora em cada aeroporto e preestabeleça horários para cada vôo, justamente para evitar congestionamento no chão, o sistema não é respeitado devido ao curto espaço de tempo entre as operações e aos atrasos das companhias aéreas.
"Acredito que, no início das operações, poderá haver problema de adaptação dos aeroportos com o tráfego, mas o caminho é para uma melhoria no sistema", afirmou o comandante Norberto Raniero, da Varig.
A assessoria de imprensa da Infraero, órgão que gerencia os aeroportos, afirmou que foi formado um grupo para estudar o reordenamento aéreo e suas implicações, mas que acredita que todas as mudanças vão melhorar o tráfego aéreo dos grandes centros.
Até a semana passada, as principais companhias aéreas do país ainda estavam treinando seus pilotos para as modificações.
David Barioni Neto, vice-presidente técnico da Gol Transportes Aéreos, aprovou as mudanças e acredita que, para os passageiros, as alterações serão muito "sensíveis". "As modificações são ótimas e regularizam situações que já vinham sendo feitas no dia-a-dia. As alterações de tempo de vôo serão bem pequenas e não terão grande impactos."
A partir do dia 8, quando entrar em vigor a Nova Circulação Aérea Geral, a Gol vai manter um esquema de plantão para tirar possíveis dúvidas de seus pilotos.
A assessoria de imprensa da Vasp informou que a companhia aérea vê as mudanças com "muito bons olhos" e que acredita que o passageiro só tem a ganhar com as alterações.
A TAM informou, por meio de sua assessoria, não ter conhecimento do tema e não quis comentar as mudanças.
As rotas não-comerciais (jatinhos, aviões particulares) em vigor atualmente vão continuar em funcionamento, mas não terão preferência nos procedimentos de pouso e de decolagem.
As novas regras valem para todos os tipos de aeronave.


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