São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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Sistema de controle de vôos apresenta falhas

DA AGÊNCIA FOLHA

O aumento do volume de aviões circulando no espaço aéreo brasileiro tem criado problemas que, quase imperceptíveis para os passageiros que estão voando, preocupam os responsáveis pelo ordenamento do tráfego aéreo.
Não raro os controladores de vôo se deparam com falhas no sistema que vão de problemas na visualização das aeronaves por meio das consoles (telas que mostram a localização dos aviões captada pelos radares) até a perda do contato de voz com os pilotos, as chamadas quedas na frequência.
Controladores ouvidos pela reportagem, que não podem ser identificados, afirmam que na área de controle de São Paulo, onde são feitas cerca de 1.600 operações de vôo diariamente, chega-se a registrar três perigos de colisão entre aeronaves por dia.
A Aeronáutica admite a possibilidade de pequenas falhas nos equipamentos, consideradas normais, porém afirma que o sistema de controle aéreo do Brasil é seguro e pode ser comparado aos melhores sistemas em uso na América do Norte e na Europa.
Especialistas ouvidos pela Agência Folha disseram que a expansão do número de aeronaves circulando pelo país provoca o chamado aumento dos pontos cegos, áreas em que os radares não são capazes de acompanhá-las.
De 1992, ano em que o DAC (Departamento de Aviação Civil) começou a sistematizar os dados do tráfego aéreo, até o ano passado, o número de quilômetros voados pelos aviões no país dobrou (de 210 milhões para 420 milhões), um indicativo do aumento do volume do "trânsito" no ar.
O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo, Jorge Carlos Botelho, diz que a cada falha no sistema aumentam o estresse e a pressão sobre os controladores.
"Além de problemas técnicos, há a revolta em relação aos salários defasados e às diferenças entre o que ganha o controlador civil e o militar. Isso obriga os profissionais a terem outras atividades", disse Botelho.
Os controladores mencionaram à reportagem situações em que as consoles mostram duplicidade de alvos (uma mesma aeronave aparecendo em dois pontos), alvos falsos (supostas aeronaves que aparecem na tela, mas não estão no ar) e congelamento da tela.
Entre as preocupações do DCEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) estão a formação de novos controladores e a capacitação dos profissionais em atuação para mudanças no sistema, que vão ocorrer até 2004.
A Agência Folha apurou que a falta de verbas para a realização de cursos de treinamento é crônica. Há casos em que os próprios oficiais e suboficiais da Aeronáutica pagam as despesas.
Documento do DCEA, de maio deste ano, afirma que a falta de oficiais especialistas em controle de tráfego poderá comprometer a eficiência do sistema e que a atual formação dada pelo CFOE (Curso de Formação de Oficiais Especialistas) não tem sido satisfatória.


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