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Sistema de controle de vôos apresenta falhas
DA AGÊNCIA FOLHA
O aumento do volume de
aviões circulando no espaço aéreo
brasileiro tem criado problemas
que, quase imperceptíveis para os
passageiros que estão voando,
preocupam os responsáveis pelo
ordenamento do tráfego aéreo.
Não raro os controladores de
vôo se deparam com falhas no sistema que vão de problemas na visualização das aeronaves por
meio das consoles (telas que mostram a localização dos aviões captada pelos radares) até a perda do
contato de voz com os pilotos, as
chamadas quedas na frequência.
Controladores ouvidos pela reportagem, que não podem ser
identificados, afirmam que na
área de controle de São Paulo, onde são feitas cerca de 1.600 operações de vôo diariamente, chega-se
a registrar três perigos de colisão
entre aeronaves por dia.
A Aeronáutica admite a possibilidade de pequenas falhas nos
equipamentos, consideradas normais, porém afirma que o sistema
de controle aéreo do Brasil é seguro e pode ser comparado aos melhores sistemas em uso na América do Norte e na Europa.
Especialistas ouvidos pela
Agência Folha disseram que a expansão do número de aeronaves
circulando pelo país provoca o
chamado aumento dos pontos cegos, áreas em que os radares não
são capazes de acompanhá-las.
De 1992, ano em que o DAC
(Departamento de Aviação Civil)
começou a sistematizar os dados
do tráfego aéreo, até o ano passado, o número de quilômetros voados pelos aviões no país dobrou
(de 210 milhões para 420 milhões), um indicativo do aumento
do volume do "trânsito" no ar.
O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo, Jorge Carlos Botelho, diz que a cada falha no sistema aumentam o estresse e a pressão sobre os controladores.
"Além de problemas técnicos,
há a revolta em relação aos salários defasados e às diferenças entre o que ganha o controlador civil
e o militar. Isso obriga os profissionais a terem outras atividades", disse Botelho.
Os controladores mencionaram
à reportagem situações em que as
consoles mostram duplicidade de
alvos (uma mesma aeronave aparecendo em dois pontos), alvos
falsos (supostas aeronaves que
aparecem na tela, mas não estão
no ar) e congelamento da tela.
Entre as preocupações do
DCEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) estão a
formação de novos controladores
e a capacitação dos profissionais
em atuação para mudanças no
sistema, que vão ocorrer até 2004.
A Agência Folha apurou que a
falta de verbas para a realização de
cursos de treinamento é crônica.
Há casos em que os próprios oficiais e suboficiais da Aeronáutica
pagam as despesas.
Documento do DCEA, de maio
deste ano, afirma que a falta de
oficiais especialistas em controle
de tráfego poderá comprometer a
eficiência do sistema e que a atual
formação dada pelo CFOE (Curso
de Formação de Oficiais Especialistas) não tem sido satisfatória.
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