|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
55% dos cariocas trocariam de cidade
ANTÔNIO GOIS
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
A violência já faz a maioria dos
cariocas admitir trocar de cidade.
Além do desejo de mudança, o
medo tem feito com que mais da
metade dos moradores do Rio
deixe de sair à noite e preste mais
atenção às pessoas na rua.
Essas são algumas das conclusões de uma pesquisa realizada
neste ano pelo Instituto DataBrasil e pelo Núcleo de Estudos sobre
Segurança e Política Criminal,
ambos da Universidade Candido
Mendes. O levantamento permite
a comparação com o de 1999.
O índice de cariocas que admitiam a idéia de sair da cidade em
1999 era de 40%. Neste ano, os insatisfeitos já são maioria: 55%.
O estudo mostra também uma
mudança nos hábitos. Em 1999,
39% dos entrevistados disseram
que não saíam mais à noite com
medo da violência. Neste ano, a
porcentagem subiu para 55%.
Para a antropóloga Ana Paula
Miranda, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Justiça Criminal e Segurança Pública do ISP
(Instituto de Segurança Pública)
do Rio, o medo não é infundado
-os principais fatores são sensação de impunidade e falta de confiança na polícia. "A pessoa vê crimes sem solução e outros em que
o culpado é punido, mas de forma
muito branda."
Segundo o estudo, o maior medo do carioca é o de assalto (41%),
seguido de tiroteio (34%). No segundo, está implícito o temor de
ser atingido por bala perdida, explica o sociólogo David Morais,
coordenador do estudo. "É reflexo das notícias. (...) As pessoas
têm mais medo do que é difundido, do que está presente no seu
cotidiano, apesar de o fato em si
não fazer parte da sua vida."
Outro dado indica que aumentou a percepção da violência, apesar de ter caído o número de cariocas que disseram terem sido vítimas dela. Para 63% dos entrevistados, a violência no Rio é muito
grande -em 1999, eram 51%.
Esse dado contrasta com a proporção de pessoas que disseram
terem sido vítimas de violência,
que teve queda de 43% para 36%.
Segundo Ana Paula Miranda,
do ISP, apesar de índices como o
de homicídio estarem apresentando trajetória descendente desde 1999, o medo das pessoas não
tem acompanhado o movimento.
"Para se construir uma sensação de segurança, leva-se muito
mais tempo do que para fazer cair
a taxa de criminalidade", disse.
Apesar da insatisfação, a pesquisa mostra que o número de cariocas que dizem achar ótimo ou
bom morar na cidade ainda supera os que afirmam ser ruim ou
péssimo -49% contra 23% neste
ano e 55% contra 21% em 1999.
O levantamento foi feito de 8 a
13 de maio, com 1.331 pessoas
com 15 anos ou mais.
Texto Anterior: "Bolsa" paga por cineasta gerou crise de governo Próximo Texto: Panorâmica - Polícia: Irmã de dupla sertaneja é sequestrada em Franca e libertada nove horas depois Índice
|