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IBIRAPUERA
Grupo criado para discutir necessidade, impactos e viabilidade de obras no parque não foi sequer informado delas
Conselho ameaça embargar garagens
DA REPORTAGEM LOCAL
Por não ter participado das discussões sobre a necessidade, os
impactos ambientais e a viabilidade das quatro garagens subterrâneas que a Prefeitura de São Paulo
planeja implantar na região do
Ibirapuera (zona sul), o conselho
gestor do parque ameaça pedir ao
Ministério Público que proíba o
início da licitação dos estacionamentos, pelo menos enquanto a
obra não for devidamente debatida e aprovada pelos conselheiros.
Eles alegam nem sequer ter tido
acesso ao plano diretor do parque
-onde estão previstas as novas
garagens- e afirmam que não
vêm sendo consultados sobre outros eventos e obras no Ibirapuera, nem informados sobre eles.
Os conselhos gestores dos 32
parques municipais foram criados por lei em 2003, tendo como
tarefas a elaboração de regras de
uso das áreas, a sua organização e
manutenção, a melhoria do atendimento aos usuários e o planejamento das atividades a serem desenvolvidas nos locais. Devem
também analisar e opinar sobre
pedidos de uso do espaço dos parques para shows e eventos.
No caso das garagens não foi assim. "Ficamos sabendo pelos jornais", afirma o empresário Cássio
Marcosin, 35, representante da
Sovipa (Sociedade Amigos da Vila Paulista). Segundo Marcosin e
outros conselheiros, isso foi a gota
d'água.
"Nós nos recusamos a ser vaquinhas de presépio. Mesmo que
o plano diretor [do parque] tenha
sido aprovado antes de existir o
conselho, se ele não pode ser mudado, não há a necessidade de um
conselho", defende a advogada Ildeana Vivian Vieira, 51, uma dos
representantes dos usuários.
"Não somos contra tudo. Só
queremos que os eventos e obras
sejam dimensionados segundo a
estrutura do parque e de forma a
ter o menor impacto possível",
afirma o consultor de empresas
Otávio Villares de Freitas, 36, outro representante dos usuários.
Dos 21 conselheiros do Ibirapuera, oito foram eleitos entre os
freqüentadores pelo voto direto,
em novembro de 2003 -1.046
pessoas votaram. Outros três representantes foram escolhidos
pelas associações de moradores
do entorno e mais nove foram indicados pelo Executivo. A coordenação do conselho fica a cargo da
administração do parque.
O conselho, que tomou posse
em março, é o único a ter hoje um
regimento interno publicado no
Diário Oficial. Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente,
outros 22 também já aprovaram
suas regras de funcionamento,
mas elas aguardam publicação.
Os demais nove conselhos ainda não têm o texto pronto. Todos
já estariam, porém, se reunindo
periodicamente, diz a secretaria.
A respeito das críticas dos conselheiros do Ibirapuera, o órgão
afirma que, embora eles tenham a
atribuição de participar no planejamento, gerenciamento e fiscalização do parque, não têm o poder
de vetar nenhum projeto aprovado em lei, ainda mais se essa lei foi
sancionada antes da existência
dos conselhos -como ocorreu
com as garagens subterrâneas.
As demais obras em curso no
parque (a construção do auditório, as modificações na marquise
etc.) foram aprovadas pelos conselhos do patrimônio histórico e
de meio ambiente do município,
afirma a secretaria.
Sobre os eventos comerciais que
ocorrem na Bienal e na Oca, a prefeitura diz que ambos os prédios
foram cedidos a fundações por
administrações passadas, em sistema de comodato.
(MARIANA VIVEIROS)
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