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DANUZA LEÃO
Coisas que não entendo
Por que aviões como o A-320, se acontece de um reverso parar, ainda podem voar por dez dias. Não faz sentido
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HOUVE UM tempo em que as
passagens de avião custavam sempre o mesmo preço
em qualquer companhia, o que fazia
com que os passageiros escolhessem
a que mais lhes conviesse -com ou
sem escalas, com ou sem conexão,
etc.; escolhiam, sobretudo, aquela
em que mais confiassem. Hoje,
quem quer voar para Recife, por
exemplo, se reservar uma passagem
com seis meses de antecedência, paga um preço; se decidir 15 dias antes
da viagem, paga mais, mas se na véspera o avião não estiver cheio, o preço pode ser bem menor. E quem se
arriscar e for para o aeroporto no último momento, se tiver sorte e tiver
sobrado algum lugar, paga ainda
menos. Só que cada companhia tem
suas regras, por isso nada mais difícil, hoje em dia, do que planejar uma
viagem.
Na ânsia de ganhar da concorrência, houve momentos em que uma
determinada companhia vendia
uma passagem para Belo Horizonte
por R$ 80, pouco mais do que uma
passagem de ônibus. Só que a manutenção de um avião é muito cara;
não dá para cobrar esse preço.
Outro assunto: na coletiva de terça-feira última estavam o presidente da Infraero, o da Anac, o brigadeiro Kersul Filho e um outro brigadeiro, que não lembro o nome. Questionado se não teria sido imprudência autorizar a construção de um apart-hotel a 600 metros da cabeceira da
pista (para desviar desse prédio, os
aviões perdem 130 metros de pista),
esse brigadeiro respondeu que a
construção inicialmente foi proibida, mas depois foi autorizada, quando o dono do empreendimento trocou a finalidade do edifício, que de
apart passaria a abrigar escritórios.
O prédio foi levantado, igualzinho,
mas o dono deu um "jeitinho" e fez
um hotel; na última quinta-feira a
construção foi interditada pela Prefeitura de São Paulo. E com toda a
faraônica obra no aeroporto de Congonhas, e do jardim que só ele, segundo a Globo News, custou R$ 50
milhões, a torre de controle não foi
modernizada e continua exatamente como quando foi construída.
Outra coisa que não entendo é por
que aviões como o A-320, se acontece de um reverso parar, ainda podem voar durante dez dias. Eu entenderia se falassem em horas de
vôo, mas não de dias. Porque dez
dias podem significar 240 horas ou
apenas duas horas, depende do tempo que ele levar voando, portanto isso não faz sentido.
Mais uma coisa que não entendo:
qual a necessidade de dois deputados irem aos EUA acompanhando a
caixa-preta do avião? Qual a necessidade da presença dos parlamentares, que voltaram dando informações erradas e corrigindo depois o
que haviam dito?
Outra coisa: não há quem não saiba que é muito mais perigoso viajar
de carro do que de avião; as estatísticas mostram que morre muito mais
gente nas estradas do que voando,
por isso é preciso ser muito ignorante para ter medo de voar.
E eu queria saber também de que
riam certos membros do governo,
na posse de Nelson Jobim, com as
gracinhas sem graça do presidente
Lula. Que, aliás, deve se ajoelhar todos os dias e agradecer a Deus que
Jobim tenha aceito o cargo de ministro da Defesa.
É lamentável ver tudo isso acontecendo, quando se conhece a vocação
do Brasil para o turismo. O cenário
já está pronto, os turistas chegam e
se deslumbram com o que vêem; é só
pensar no Nordeste, hoje praticamente ocupado por estrangeiros,
que inauguram hotéis e resorts, um
atrás do outro, que vivem cheios o
ano inteiro.
Que país, este.
danuza.leao@uol.com.br
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