São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/SEGURANÇA

Acidente rebaixa Brasil em ranking de segurança aérea

Com a queda no indicador, país ficou em situação pior que a média mundial

É registrado um grande acidente com vítimas fatais para 2,75 milhões de vôos no Brasil; média mundial é de um para 3,5 milhões

Robson Ventura - 26.jul.2007/Folha Imagem
Uma das salas do prédio da TAM Express, atingido pelo avião


DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Por conta do acidente ocorrido com o Airbus da TAM no último dia 17, o índice que aponta a segurança do sistema aéreo brasileiro caiu pela metade, deixando o país agora pior que a média mundial.
De acordo com cálculos da consultoria inglesa Ascend, no período de dez anos até 18 de julho, foi registrado um grande acidente com vítimas fatais para 2,75 milhões de vôos realizados no Brasil.
O indicador mundial referente ao mesmo período é de um para cada 3,5 milhões de vôos. A média da América Latina é de um acidente para 1,55 milhão de vôos; o dos Estados Unidos, um para 19,8 milhões de vôos; e o da África, um para 0,4 milhão de vôos.
Esses números explicam por que os brasileiros estão com medo e apreensivos há alguns meses. Mesmo assim, observando apenas a matemática, especialistas dizem que não é possível afirmar que voar no país tornou-se perigoso.
"O acidente do último dia 17 distorce as estatísticas [porque, combinado ao acidente com o Boeing da Gol, concentra dois eventos em um espaço de tempo curto]", pondera Paul Hayes, analista da consultoria. Antes disso, o índice estava em um grande acidente fatal por 5,5 milhões de vôos. O técnico frisa que, na avaliação da segurança de um sistema, devem contar também as causas dos acidentes. "E os motivos que estão por trás do acidente da Gol no ano passado e do da TAM agora são completamente diferentes."
"Dois acidentes dessa magnitude em dez meses é algo bastante incomum", completa Jim Burin, diretor de programas técnicos da Fundação pela Segurança em Vôos, organização sem fins lucrativos americana. "Não creio que o Brasil seja inseguro para voar."
Pela classificação da FAA (Administração Federal da Aviação), o Brasil faz parte do grupo 1, o dos países considerados mais seguros. Mas, desde que estourou a crise, há rumores de rebaixamento. "Isso é extremamente difícil de acontecer. A FAA só rebaixa quem decai muito nos padrões", diz Mary Schiavo, ex-inspetora-geral do Departamento de Transportes dos EUA.
A Icao (Organização Internacional da Aviação Civil, na sigla em inglês) possui um conjunto de normas a serem obedecidas pelos países membros -no entanto, a entidade não pode obrigar nenhum deles a segui-las. "Apontamos o que é o ideal e sugerimos adequações se necessário", diz Denis Chagnon, porta-voz da Icao.


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