São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRAGÉDIA EM CONGONHAS/OUTROS AEROPORTOS

Passageiros se salvam em casos parecidos no exterior

Agravantes em Congonhas são pista curta e área densamente povoada ao redor

Em acidente semelhante em Chicago, em 2005, a tripulação do avião foi evacuada em menos de cinco minutos após choque

RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

Aviões impedidos de frear e que saem da pista atropelando tudo o que há no caminho são casos raros na aviação civil nos últimos cinco anos.
Mesmo em aeroportos encravados em áreas urbanas, poucos são os casos em que foi impossível resgatar parte -ou até a totalidade- dos passageiros do avião brecado à força.
Com a ajuda de especialistas, a Folha analisou os últimos casos de aviões que saíram da trajetória prevista e atravessaram a vizinhança de aeroportos. O que causou mais mortes foi mesmo o vôo da TAM de Porto Alegre a São Paulo.
"Se o desenho de Congonhas fosse diferente, o acidente não teria sido tão sério. A pista é curta, com uma escarpa ao final dela, e o aeroporto é cercado por avenidas movimentadas e uma área densamente construída", diz David Kaminski-Murrow, editor das publicações britânicas especializadas "Flight International" e "Air Transport Intelligence".
O caso recente mais parecido com Congonhas ocorreu no aeroporto Midway, o segundo maior de Chicago, nos EUA, cercado por ruas e construções.
Em dezembro de 2005, o Boeing-737 da Southwest derrapou na neve e seguiu seu percurso pela pista em alta velocidade. A pista é apenas um pouquinho maior que a de Congonhas, ou seja, pequena.
O avião atravessou a cerca que o separa da cidade e se chocou com três carros em uma avenida vizinha. Um menino de seis anos que estava em um deles morreu na hora. Mas os 98 passageiros e 5 tripulantes conseguiram abandonar a aeronave em chamas em menos de três minutos.
Por culpa do acidente, o aeroporto instalou "camas" de concreto maleável em suas quatro pistas. Essa estrutura ao final da pista amortece o avião em caso de problema. Seus pneus passam no concreto enquanto são freados, o que diminui a velocidade.
Em abril passado, um Airbus-A321 da Alitalia sofreu uma falha dos freios quando aterrissava em Nápoles, no sul da Itália. O piloto precisou dar um giro de 180ºC na pista até parar. Nenhum dos 182 passageiros ficou ferido.
Para o consultor canadense Ken Johnson, "nem sempre a pista longa é garantia". Pelo excesso de velocidade, um avião da Air France, que aterrissava em Toronto, no Canadá, em agosto de 2005 durante uma tempestade, derrapou e continuou seu rumo 200 metros depois do fim da pista. Com 2.743 metros, ela é quase 50% mais comprida que a de Congonhas.
Sem construções por perto, o avião foi brecado por um pequeno barranco. Mesmo em chamas, as 309 pessoas a bordo foram resgatados com vida. Ele diz que o normal é que só se descubram todas as causas do acidente "depois de um, dois ou até três anos".
Em 1999, no Aeroparque de Buenos Aires, um avião da Lapa atravessou a pista na hora de decolar, passou por uma avenida movimentada e só foi brecado por uma pequena elevação de um campo de golfe.
A pista de 2.230 metros foi ampliada em 180 metros ao sul, em 2004, mas uma obra para ampliar a cabeceira norte em 250 metros está atrasada e só deve ficar pronta em 2009. Túneis e desvio de avenidas irão isolar parte do aeroporto.


Texto Anterior: Ministro nega participação em renúncia geral na Anac
Próximo Texto: Congonhas é o aeroporto do país que mais ganhou passageiros nos últimos 5 anos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.