|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRAGÉDIA EM CONGONHAS/OUTROS AEROPORTOS
Passageiros se salvam em casos parecidos no exterior
Agravantes em Congonhas são pista curta e área densamente povoada ao redor
Em acidente semelhante em Chicago, em 2005, a tripulação do avião foi evacuada em menos de cinco minutos após choque
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Aviões impedidos de frear e
que saem da pista atropelando
tudo o que há no caminho são
casos raros na aviação civil nos
últimos cinco anos.
Mesmo em aeroportos encravados em áreas urbanas,
poucos são os casos em que foi
impossível resgatar parte -ou
até a totalidade- dos passageiros do avião brecado à força.
Com a ajuda de especialistas,
a Folha analisou os últimos casos de aviões que saíram da trajetória prevista e atravessaram
a vizinhança de aeroportos. O
que causou mais mortes foi
mesmo o vôo da TAM de Porto
Alegre a São Paulo.
"Se o desenho de Congonhas
fosse diferente, o acidente não
teria sido tão sério. A pista é
curta, com uma escarpa ao final dela, e o aeroporto é cercado por avenidas movimentadas
e uma área densamente construída", diz David Kaminski-Murrow, editor das publicações britânicas especializadas
"Flight International" e "Air
Transport Intelligence".
O caso recente mais parecido
com Congonhas ocorreu no aeroporto Midway, o segundo
maior de Chicago, nos EUA,
cercado por ruas e construções.
Em dezembro de 2005, o
Boeing-737 da Southwest derrapou na neve e seguiu seu percurso pela pista em alta velocidade. A pista é apenas um pouquinho maior que a de Congonhas, ou seja, pequena.
O avião atravessou a cerca
que o separa da cidade e se chocou com três carros em uma
avenida vizinha. Um menino
de seis anos que estava em um
deles morreu na hora. Mas os
98 passageiros e 5 tripulantes
conseguiram abandonar a aeronave em chamas em menos
de três minutos.
Por culpa do acidente, o aeroporto instalou "camas" de
concreto maleável em suas
quatro pistas. Essa estrutura ao
final da pista amortece o avião
em caso de problema. Seus
pneus passam no concreto enquanto são freados, o que diminui a velocidade.
Em abril passado, um Airbus-A321 da Alitalia sofreu
uma falha dos freios quando
aterrissava em Nápoles, no sul
da Itália. O piloto precisou dar
um giro de 180ºC na pista até
parar. Nenhum dos 182 passageiros ficou ferido.
Para o consultor canadense
Ken Johnson, "nem sempre a
pista longa é garantia". Pelo excesso de velocidade, um avião
da Air France, que aterrissava
em Toronto, no Canadá, em
agosto de 2005 durante uma
tempestade, derrapou e continuou seu rumo 200 metros depois do fim da pista. Com 2.743
metros, ela é quase 50% mais
comprida que a de Congonhas.
Sem construções por perto, o
avião foi brecado por um pequeno barranco. Mesmo em
chamas, as 309 pessoas a bordo
foram resgatados com vida. Ele
diz que o normal é que só se
descubram todas as causas do
acidente "depois de um, dois ou
até três anos".
Em 1999, no Aeroparque de
Buenos Aires, um avião da Lapa atravessou a pista na hora de
decolar, passou por uma avenida movimentada e só foi brecado por uma pequena elevação
de um campo de golfe.
A pista de 2.230 metros foi
ampliada em 180 metros ao sul,
em 2004, mas uma obra para
ampliar a cabeceira norte em
250 metros está atrasada e só
deve ficar pronta em 2009. Túneis e desvio de avenidas irão
isolar parte do aeroporto.
Texto Anterior: Ministro nega participação em renúncia geral na Anac Próximo Texto: Congonhas é o aeroporto do país que mais ganhou passageiros nos últimos 5 anos Índice
|