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Vacina que protege mulher de infecção pelo HPV é aprovada
Vírus pode causar câncer de colo do útero, que mata 7 mil por ano no Brasil; droga deve chegar ao país ainda em 2006
Conhecida como Gardasil, ela funciona melhor em meninas que ainda não iniciaram a vida sexual e não tiveram contato com o HPV
DA REPORTAGEM LOCAL
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) aprovou ontem a primeira vacina
que protege as mulheres contra
o HPV (papilomavírus humano), vírus responsável por mais
de 95% dos casos de câncer de
colo do útero. A doença mata
7.000 brasileiras por ano e afeta quase 20 mil.
Conhecida como Gardasil, a
vacina foi aprovada para mulheres entre 9 e 26 anos, faixa
etária envolvida nos estudos
clínicos necessários para a
aprovação da droga. No Brasil,
cerca de 26 milhões de mulheres estão nessa faixa etária
A droga, comercializada pela
Merck Sharp & Dohme, deve
chegar ao país até o final do
ano, mas ainda não está certa a
sua distribuição na rede pública de saúde. O laboratório ainda não definiu o seu valor no
Brasil. Nos EUA, ela foi aprovada em junho último e, nos serviços privados, custa em média
US$ 120 a dose. São necessárias
três doses para a imunização.
Ainda estão em andamento
estudos para avaliar a eficácia
da vacina em homens de 16 a 26
anos e em mulheres de 27 a 45.
A recomendação para mulheres entre 9 e 26 anos foi feita
porque a vacina funciona melhor em meninas que ainda não
iniciaram a vida sexual e, portanto, não tiveram contato com
o HPV. Ela não protege pessoas
já infectadas nem imuniza contra todos os tipos de câncer uterino -cobre cerca de 70%.
Nos EUA, a indicação da droga na infância e na adolescência
foi polêmica. Grupos conservadores, como o Foco na Família,
defendem a abstinência sexual
como melhor forma de prevenir o HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Três doses
Segundo Luiza Vila, chefe do
grupo de virologia do Instituto
Ludwig de Pesquisa sobre o
Câncer, a vacina é administrada em três doses. Após a injeção
inicial, a segunda e a terceira
doses são administradas no segundo e sexto meses. Ele afirma que os estudos comprovaram imunidade para cinco
anos, mas a expectativa é demonstrar, por meio de novos
trabalhos, que a vacina pode
conferir uma proteção maior.
Ela afirma ser fundamental
que o governo federal estude
uma forma de oferecer a vacina
na rede pública de saúde.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério,
Jarbas Barbosa, o preço da vacina hoje na rede privada americana é "proibitivo" para o sistema público de saúde brasileiro. Ele diz que ainda não recebeu do laboratório uma proposta de menor preço.
Barbosa diz que outras questões estão sendo levadas em
conta pelo ministério, como a
faixa etária à qual ela seria indicada e o fato de o efeito protetor comprovado ser de cinco
anos. "Iniciamos um estudo de
custo e efetividade, confrontando a vacina com outros métodos de proteção, como o exame papanicolau."
Proteção
A vacina protege contra o
HPV (papilomavírus humano)
tipos 6, 11, 16 e 18. Além de prevenir o câncer de colo do útero,
ela também imuniza contra os
pré-cânceres cervicais e pré-cânceres vulvares e vaginais
causados pelos tipos 16 e 18 e
verrugas genitais e lesões cervicais de baixo grau.
Segundo Luiza Vila, a vacina
tem eficácia de 100% contra infecção pelos quatro tipos de
HPV nas mulheres que ainda
não foram expostas ao parasita
-portanto, a imunização deveria ocorrer antes que fosse iniciada a vida sexual. Porém, há
benefício para mulheres já expostas ao vírus, porque dificilmente alguém se infecta com
os quatro tipos de uma vez.
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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