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Salário de R$ 250 sustenta 35 pessoas
ALENCAR IZIDORO
da Reportagem Local
Morador do bairro do Morumbi, o empresário Francisco Armando, 36, dobrou seu rendimento entre 1994 e 1998: de US$
7.500, passou a ganhar US$ 15 mil
mensais.
Nesse mesmo período, o desempregado José Sebastião da Silva, 39, que sobrevive com 34 parentes na favela Real Parque, também no Morumbi (zona sudoeste
de SP), viu seu salário passar de
R$ 300 para nada.
A vida dos dois durante esses
quatro anos reflete o aumento da
desigualdade na Grande São Paulo, conforme revela a pesquisa da
Fundação Seade.
Enquanto Armando, que tinha
um carro BMW, comprou um
Porsche e uma Ferrari, Silva, vindo de Pernambuco em 1994, perdeu no ano passado sua única
fonte de renda -um emprego
como ajudante de obras.
Silva conta que, quando chegou
a São Paulo, arranjou trabalho
com salário de R$ 300. Não demorou um ano para que trouxesse a
mulher e os quatro filhos. Os outros 29 parentes vieram em seguida.
Desempregado desde 1998, ele
vive com o dinheiro que ganhou
após ser demitido. Ele diz que
"sempre foi comum" entre seus
parentes "um ajudar o outro".
Mas, das 35 pessoas da família
(sendo 20 crianças), só há uma
empregada, ganhando R$ 250.
Em outra favela da zona sudoeste, no Jardim Jaqueline, Sueli Maria da Silva, 28, também diz que
"de 1994 para cá, tudo piorou".
Ela, como doméstica, e seu marido, como ajudante de obras, tinham há cinco anos renda mensal
de R$ 600. Não conseguiram mais
pagar o aluguel de R$ 200 de uma
casa e tiveram que mudar para a
favela, onde um cômodo lhes custa R$ 100.
No começo do ano passado, ela
ficou desempregada. O mesmo
aconteceu com seu marido alguns
meses depois. Em 1999, nasceu
mais uma filha.
Há dois meses, Sueli Silva começou a trabalhar em uma lanchonete ganhando R$ 180. Mas
ainda não consegue pagar o aluguel. "Também não dá para comprar o leite para meus filhos."
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