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JUSTIÇA
Ministro quer alterar sistema penal
Proposta de Dias deve ter resistência política
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
As propostas de alteração do
sistema penal brasileiro defendidas pelo ministro da Justiça, José
Carlos Dias, encontram apoio de
profissionais ligados ao direito.
No entanto, eles acham que as
medidas são de difícil aprovação
no Congresso.
Para o advogado Márcio Thomaz Bastos, a proposta do direito
penal mínimo está "na tendência
do direito moderno".
Esse modelo, defendido pelo
ministro, propõe que só vão para
a cadeia criminosos de alta periculosidade. "Os outros são punidos com penas alternativas ou administrativas", diz Luiz Flávio
Borges D'Urso, presidente do
Conselho Estadual de Política Criminal e Penitenciária.
"Direito penal em tudo é um
populismo. Assim como é imbecil
a classificação de crimes hediondos, como se houvesse crimes
adoráveis. No entanto, tenho medo que o projeto seja distorcido
no Congresso", afirma Bastos.
Segundo ele, a modernização do
sistema penal deve ser acompanhada da melhoria dos instrumentos de segurança do Estado:
polícia, cadeias e internatos para
menores infratores.
Para o advogado Jairo Fonseca,
o Estado se comporta como "infrator" quando manda presos a
cadeias superlotadas, insalubres e
sem mecanismos de reeducação.
Ele também diz que as propostas
poderão sofrer "deturpações".
Para o ex-secretário da Segurança Pública de São Paulo Antonio Corrêa Meyer, o direito penal
mínimo refuta o atual modelo de
prisão no Brasil, que é o de "centro de formação de criminosos".
Ele considera, no entanto, que a
sugestão de Dias vai encontrar resistência no Congresso porque o
"político é um homem muito sensível à reação do eleitorado, e o
eleitor da cidade grande não quer
saber de liberação de preso".
José Carlos Dias vai discutir
com o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), na próxima semana, as alterações na legislação criminal. O
encontro foi combinado ontem,
em telefonema de Dias a ACM,
que discorda das propostas.
Segundo ACM, Dias admitiu
mudanças na proposta apresentada pelo ministério. "O ministro
disse que jogou a proposta para
discussão e que ele também acha
que algumas coisas devem ser
mudadas", afirmou ACM.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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