São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2005

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VIOLÊNCIA

Criminosos ameaçaram cinco funcionários por pelo menos duas horas e meia em loja da rua Clélia; 2 ladrões morreram

Tiroteio com reféns leva pânico à Lapa

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Clientes e funcionários de uma loja de produtos de informática enfrentaram um tiroteio entre policiais militares e criminosos durante uma tentativa frustrada de assalto na Lapa (zona oeste de SP). Após a troca de tiros, que terminou com a morte de dois dos assaltantes, cinco funcionários foram mantidos reféns por pelo menos duas horas e meia.
Segundo a PM, por volta das 17h30 cinco homens armados entraram na loja Seven Digital, na rua Clélia -uma das principais vias comerciais do bairro.
A região é cercada por bancos, escolas e estabelecimentos comerciais. A casa de shows Olympia fica a dois quarteirões da loja. Já a delegacia está a menos de um quilômetro do local.
A quadrilha parou uma van azul no estacionamento da loja. Antes de anunciar o assalto, eles fingiram ser clientes e, segundo a polícia, se posicionaram em locais estratégicos para render as vítimas.
De acordo com testemunhas, os ladrões pediram para que os funcionários e clientes mantivessem a calma e apenas colocassem os celulares nas mesas para impedir que alguém chamasse a PM.
"Eles nos disseram que queriam apenas os equipamentos e que não iam nos fazer nada. Ficamos assustados. A primeira coisa que veio na minha cabeça foi o meu filho de oito anos", contou uma das funcionárias que, por medo, não quis revelar o nome.
Durante o tiroteio, ela e parte dos funcionários e clientes se esconderam no banheiro da loja. Enquanto outras cinco pessoas eram mantidas reféns em uma sala da loja, a funcionária e as outras pessoas conseguiram escapar.

A ação
A PM foi chamada e cercou o local em poucos minutos. O trânsito na região foi bloqueado.
"Os ladrões agiram discretamente. Se a polícia não tivesse chegado, nada teria acontecido", disse outro funcionário que também se escondeu no banheiro.
De acordo com o coronel da PM Izaul Segala, responsável pelas negociações, a ação da polícia foi rápida porque havia policiais fazendo patrulhamento de moto nas imediações da rua.
Os policiais afirmam ter sido recebidos a tiros pelos ladrões, que usavam armas de grosso calibre. "Nesse momento os PMs tiveram que reagir. Não houve opção, o tiroteio aconteceu em questão de segundos", explicou o coronel Segala ao ser questionado sobre o risco de a polícia trocar tiros em situações onde há reféns.
Durante o tiroteio, vidros foram estilhaçados, clientes deitaram no chão, e dois assaltantes foram baleados e levados ao Pronto-Socorro Lapa, mas não resistiram aos ferimentos.
"Eu estava na loja e no momento do tiroteio cheguei a ser usado como escudo por um dos assaltantes. Em seguida, ele me largou e eu me joguei no chão", contou um dos clientes, que se identificou apenas como Valdomiro.
Ainda segundo testemunhas, ao perceberem que dois assaltantes estavam feridos, os outros três renderam cinco funcionários e os levaram para o fundo da loja. A negociação foi feita por sete oficiais da Força Tática da PM.
Segundo Segala, os assaltantes exigiram a presença de jornalistas para garantir a sua segurança e também pediram que a mulher de um deles, que está grávida, acompanhasse as negociações.
As exigências foram atendidas e os reféns, liberados sem ferimentos. Os três homens se entregaram à polícia.
O advogado da loja, Paulo Aparecido da Costa, afirmou que a Seven Digital tem sistema interno de segurança e que nunca havia sido assaltada. O caso foi apresentado no 7º DP (Lapa).


Colaborou ALEXANDRE HISAYASU, da Reportagem Local

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