São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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Motorista frauda placa de carro e é presa

Em um ano, o veículo clonado recebeu mais de R$ 10 mil em multas, como excesso de velocidade e rodízio

SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia prendeu ontem a farmacêutica Shirlei Regina da Silva, 33, acusada de adulterar a placa de seu Eco Sport cinza com fita isolante. A detenção foi feita em flagrante em uma avenida da zona sul da capital de São Paulo. Ela irá responder por estelionato e adulteração de sinal identificador de veículo. A pena varia de um a cinco anos de prisão.
Com a fita preta, a farmacêutica modificou dois números da chapa e transformou a placa DNS 4967 de seu veículo em DNS 4887. A partir daí, todas as infrações que recebia iam para outro Eco Sport, do mesmo ano que o seu, porém preto. Segundo o Detran (Departamento Estadual de Trânsito), em um ano foram registradas 20 multas -como por excesso de velocidade, burlar o rodízio ou falar ao celular no volante- cuja soma passava os R$ 10 mil.
Por ter clonado a placa de um carro semelhante ao seu, Shirlei dificultava a identificação da fraude. A vítima, dona do carro regular, chegou a pagar algumas das multas e só percebeu que estava sendo lesada quando viu em uma multa que o carro da farmacêutica tinha a capa protetora do estepe diferente da sua. A polícia, então, fez campana no local onde as infrações eram mais freqüentes e localizou Shirlei, na avenida Nossa Senhora das Mercês, no Sacomã, por volta das 9h.
À reportagem ela não quis comentar o caso e disse que só falaria em juízo. Informalmente, no entanto, afirmou à polícia que modificava a placa porque chegava em casa muito tarde, queria poder dormir mais e trafegar durante o horário do rodízio no período da manhã, que vai das 7h às 10h. Ela foi encaminhada para o 89º DP e só será solta após análise de um juiz, pois o crime é inafiançável.
Em agosto, a dentista Bárbara Hermeto Vancura, 30, foi presa pela mesma acusação. Ela também é proprietária de um Eco Sport e adulterava a placa pelo mesmo modo.
Esse tipo de crime, segundo o delegado Olavo Reino Francisco, responsável pela divisão de crimes do Detran, é mais comum entre pessoas com alta escolaridade. "As pessoas entendiam que era apenas uma infração burocrática, punida com multa. Mas, estão percebendo que isso dá cadeia", diz.
De janeiro a agosto deste ano, o Detran registrou 1.372 procedimentos de dublês, sendo 1.186 carros, 82 motos, 74 caminhonetes, 6 furgões, 2 ônibus, 6 microônibus e 16 caminhões.
Na noite de anteontem, foram identificados outros dois carros dublês na zona sul da capital. Eram uma caminhonete S10 e um Gol, que pertenciam ao empreiteiro Ginaldo Guimarães de Souza, 41. Ginaldo colocou um adesivo com os contatos de sua empresa no vidro da S10 e foi identificado em uma infração. Nesse caso, entretanto, as placas foram refeitas, e não modificadas com fita.


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