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C.B.S., 10, pode fazer aborto em São Paulo ainda esta semana
FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local
O aborto de C.B.S., 10, autorizado novamente pela Justiça ontem,
pode ocorrer ainda esta semana na
cidade de São Paulo.
A advogada da família, Sandra
Mara Barreto, afirmou que os pais
da menina estão negociando a viagem e o pagamento das despesas
com a produção do "Programa do
Ratinho", do SBT.
"Se tudo der certo, até quinta-feira a garota conseguirá fazer o
aborto", disse Sandra.
A direção do "Programa do Ratinho" confirmou a oferta, mas
não sabe onde e nem quando será
feita a operação. "Nos colocamos
à disposição para pagar as despesas, mas ainda não tivemos a confirmação da família", afirmou o
diretor do programa, Américo Ribeiro.
Autorização
A Justiça de Goiânia decidiu ontem manter a autorização para
que C.B.S. faça o aborto. Estuprada durante três anos por dois vizinhos na cidade de Israelândia (192
km de Goiânia), a menina está
grávida de quatro meses e meio.
O desembargador Gonçalo Teixeira e Silva, da 29ª Câmara Cível
do Tribunal de Justiça (TJ), considerou a apelação do promotor
Reuder Cavalcante improcedente.
O promotor havia entrado com
recurso contra a decisão inicial da
Justiça para impedir o aborto. Cavalcante alegou que o direito à vida, "inclusive da vida uterina", é
garantido pela Constituição. Também havia dito que o laudo médico, que comprova a necessidade
da interrupção da gravidez de
C.B.S. para garantir sua saúde, está incompleto e não oferece segurança para indicar o aborto.
Agora, com a decisão do desembargador, volta a valer a autorização para o aborto, concedida pelo
juiz João Geraldo Machado.
Em seu despacho, o desembargador Gonçalo Teixeira e Silva
acolheu a argumentação do procurador-geral de Justiça, Demóstenes Xavier Torres, de que o
aborto é admitido legalmente em
casos de estupro, competindo exclusivamente à mulher violentada
a decisão. Como se trata de uma
criança, a decisão cabe aos pais.
A pedido de seu presidente, Lafaiete Silveira, a decisão do TJ de
Goiânia foi rápida. O recurso do
promotor chegou na quinta-feira
e, ontem pela manhã, o desembargador já havia feito seu despacho.
O temor da Justiça era que a demora nesse processo poderia agravar o quadro de saúde de C.B.S..
Silva diz que o aborto da menina
pode ser feito em hospitais da rede
pública ou em uma clínica particular, sem que haja qualquer implicação criminal para os médicos
que fizerem a operação -provavelmente uma microcesariana,
porque o tamanho do feto dificulta outros métodos.
Como o procurador-geral de
Goiás, que seria o responsável por
recorrer da decisão do desembargador, já se manifestou favoravelmente à possibilidade de aborto
nesse caso, Silva acredita que não
haverá mais discussões jurídicas.
"O caso de C.B.S. na Justiça está
encerrado. A questão, agora, é
com os médicos", diz o desembargador.
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