São Paulo, terça, 29 de setembro de 1998

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Aborto clandestino é maior na América do Sul

da Reportagem Local

A América do Sul é o continente onde mais há abortos clandestinos e onde mais as mulheres morrem por causa de complicações decorrentes desses abortos.
Os números são de uma publicação inédita que está sendo editada pela Organização Mundial da Saúde, e constam de um dossiê distribuído pela Rede Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos ontem em todo o Brasil.
Segundo os dados da OMS, a cada mil mulheres, 34 fazem abortos clandestinos (chamados pela organização de inseguros) na América do Sul. Isso é mais que a média mundial, de 13 abortos clandestinos para cada grupo de mil mulheres, e que a média da África, 27 por mil. Os números são baseados em estimativas.
A principal razão apontada para índices tão altos pela entidade é a diferença entre as legislações que tratam do aborto em cada país.
Segundo o relatório, que traz informações sobre a legislação em todos os países da América Latina, nos países onde o aborto é permitido em hospitais, a incidência de mortes diminui.
Um exemplo, segundo o dossiê, é a Guiana, que legalizou o aborto em 1995. "Em 1991 as complicações do aborto eram a terceira causa de hospitalizações no país. Após a aprovação da lei ocorreu uma diminuição de 65% no número de hospitalizações por complicação decorrente de aborto", diz o texto.
Na maioria dos países da América do Sul, o aborto não é permitido ou permitido com restrições.
No Chile, por exemplo, o aborto era permitido para salvar a vida da mulher até 1989. Desde então, está proibido sem exceção. A proibição também é total na Colômbia, embora as penas aplicadas à infratora sejam menores quando o aborto é consequência de gravidez resultante de violência sexual.
Já na Argentina, o aborto é permitido quando existe risco de vida para a mulher e quando houver estupro de uma mulher "portadora de deficiência mental".
Os problemas financeiros são levados em conta no Uruguai. A legislação desse país não pune quando o aborto é realizado "para salvar a honra" da mulher em casos de estupro, por causas graves de saúde ou por dificuldades econômicas. (MG e PL)


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