São Paulo, terça, 29 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE
Número de nascimentos com mães na faixa de 10 a 14 anos cresceu 81% de 93 a 97, segundo Secretaria da Saúde
Partos de meninas aumentam 81% no Rio

FERNANDA DA ESCÓSSIA

da Sucursal do Rio

O número de partos de meninas de 10 a 14 anos cresceu 81% entre 1993 e 1997 no município do Rio de Janeiro, indicam dados da Secretaria Municipal de Saúde obtidos pela Folha.
Em 1993, os partos nessa faixa etária representavam 0,53% do total de partos realizados no município. Em 1997, já correspondiam a 0,87% do total.
Também houve crescimento acentuado do número de partos na faixa etária de 15 a 19 anos (31,67%). Eles representavam 15,44% do total de partos do Rio em 93, mas, em 97, já correspondiam a 18,55% do total.
O aumento do número de partos de pré-adolescentes e adolescentes foi muito superior ao crescimento do total de partos no Rio, que, no mesmo período, ficou em 9,56%.
O avanço da gravidez adolescente é uma tendência nacional. No ano passado, havia cerca de 1 milhão de jovens grávidas no Brasil.
As taxas de gravidez entre adolescentes no município do Rio não estão entre as mais altas do país. Nos Estados da região Norte, por exemplo, partos de adolescentes (10 a 19 anos) representam até 35% total. Nesses mesmos Estados, a faixa etária de 10 a 14 anos responde por até 2% dos partos.
O que assusta os especialistas, no caso do Rio, é o aumento específico e abrupto Ä81%Ä de partos de meninas mais jovens. Em todo o país, o aumento de partos nessa faixa etária foi de 17% entre 93 e 96, de acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde.
"Sabemos que ainda estamos abaixo da média nacional, mas qualquer aumento, nessa faixa etária, é assustador", afirma Maria de Fátima Coutinho, do programa de Saúde do Adolescente da Secretaria Municipal da Saúde.

Sexualidade precoce
Os especialistas são unânimes em apontar, como principais fatores para o aumento de meninas grávidas, a erotização precoce, a redução da idade para o início da vida sexual e a fragilidade de um projeto pessoal.
Segundo Fátima Coutinho, as meninas, que sempre amadureceram mais rápido do que os meninos, agora estão também iniciando a vida sexual mais cedo -por volta de 12 anos.
"Outro problema é a falta de perspectiva de vida. Essas meninas não têm um projeto pessoal, ou têm um projeto muito frágil. É claro que não incluo aqui as que sofrem violência sexual", afirma.
De acordo com Fátima Coutinho, métodos anticoncepcionais costumam ser conhecidos, mas não usados. Adolescentes grávidas de um grupo da Maternidade Alexander Fleming, na zona norte, visitado pela Folha, disseram que, de fato, sabiam da existência de métodos anticoncepcionais.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.