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SAÚDE
Número de nascimentos com mães na faixa de 10 a 14 anos cresceu 81% de 93 a 97, segundo Secretaria da Saúde
Partos de meninas aumentam 81% no Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
O número de partos de meninas
de 10 a 14 anos cresceu 81% entre
1993 e 1997 no município do Rio
de Janeiro, indicam dados da Secretaria Municipal de Saúde obtidos pela Folha.
Em 1993, os partos nessa faixa
etária representavam 0,53% do total de partos realizados no município. Em 1997, já correspondiam a
0,87% do total.
Também houve crescimento
acentuado do número de partos
na faixa etária de 15 a 19 anos
(31,67%). Eles representavam
15,44% do total de partos do Rio
em 93, mas, em 97, já correspondiam a 18,55% do total.
O aumento do número de partos
de pré-adolescentes e adolescentes
foi muito superior ao crescimento
do total de partos no Rio, que, no
mesmo período, ficou em 9,56%.
O avanço da gravidez adolescente é uma tendência nacional. No
ano passado, havia cerca de 1 milhão de jovens grávidas no Brasil.
As taxas de gravidez entre adolescentes no município do Rio não
estão entre as mais altas do país.
Nos Estados da região Norte, por
exemplo, partos de adolescentes
(10 a 19 anos) representam até 35%
total. Nesses mesmos Estados, a
faixa etária de 10 a 14 anos responde por até 2% dos partos.
O que assusta os especialistas, no
caso do Rio, é o aumento específico e abrupto Ä81%Ä de partos
de meninas mais jovens. Em todo
o país, o aumento de partos nessa
faixa etária foi de 17% entre 93 e
96, de acordo com dados oficiais
do Ministério da Saúde.
"Sabemos que ainda estamos
abaixo da média nacional, mas
qualquer aumento, nessa faixa
etária, é assustador", afirma Maria de Fátima Coutinho, do programa de Saúde do Adolescente da
Secretaria Municipal da Saúde.
Sexualidade precoce
Os especialistas são unânimes
em apontar, como principais fatores para o aumento de meninas
grávidas, a erotização precoce, a
redução da idade para o início da
vida sexual e a fragilidade de um
projeto pessoal.
Segundo Fátima Coutinho, as
meninas, que sempre amadureceram mais rápido do que os meninos, agora estão também iniciando a vida sexual mais cedo -por
volta de 12 anos.
"Outro problema é a falta de
perspectiva de vida. Essas meninas
não têm um projeto pessoal, ou
têm um projeto muito frágil. É claro que não incluo aqui as que sofrem violência sexual", afirma.
De acordo com Fátima Coutinho, métodos anticoncepcionais
costumam ser conhecidos, mas
não usados. Adolescentes grávidas
de um grupo da Maternidade Alexander Fleming, na zona norte, visitado pela Folha, disseram que,
de fato, sabiam da existência de
métodos anticoncepcionais.
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