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CIDADANIA
Órgão dará ajuda gratuita
Defensoria para gays começa a funcionar
PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Começa a funcionar hoje, em
um pequeno sobrado da zona sul
da capital paulista, a primeira Defensoria Homossexual do país.
Os idealizadores do projeto
conseguiram a liberação de R$ 50
mil do Ministério da Justiça, na
última sexta-feira, para seis meses
de funcionamento. O dinheiro
deverá garantir a manutenção de
três advogados, cinco estagiários
e dois computadores.
O órgão pretende dar assistência jurídica gratuita a homossexuais que sofram com casos de
discriminação e preconceito. Ele
pretende atuar em duas frentes
jurídicas: a criminal e a de interesses coletivos difusos.
Na primeira, haverá combate a
crimes de ódio, violência física e
agressão verbal. Na segunda, a
Defensoria irá lutar por casos de
abrangência nacional, que beneficiem todos os homossexuais. Por
exemplo, para que os parceiros
possam ser declarados como dependentes no Imposto de Renda.
A Defensoria funcionará de segunda a sexta-feira, em horário
comercial, na avenida Doutor Altino Arantes, 83, Vila Clementino.
Haverá um balcão de atendimento e um disque denúncia
-(0xx11) 276-9249.
Mesmo antes da liberação da
verba, a Defensoria já havia começado seu trabalho. Desde
maio, quando seu projeto foi
aprovado, estão nas mãos dos advogados dez processos, tanto por
reconhecimento de sociedade
conjugal como por danos morais
causados por agressões verbais.
A idéia de uma Defensoria Homossexual nasceu de discussões
feitas dentro da Associação de Incentivo à Educação e Saúde de
São Paulo (Aiessp). Fundada em
2000, a ONG fornece assistência
jurídica a soropositivos e outros
doentes crônicos de baixa renda.
Segundo Fernando Quaresma,
33, presidente da ONG, havia
grande demanda para atendimento homossexual na Aiessp.
"Algumas pessoas perdiam o
companheiro e acabavam perdendo os bens de toda uma vida."
A demanda também é dada pelo preconceito existente. Muitos
homossexuais, segundo Quaresma, sentem vergonha de levar seu
problema a um advogado heterossexual, com medo de que ele
não credite relevância ao caso e o
julgue como banal.
Quaresma ressalta que a prioridade da Defensoria são problemas relacionados à opção sexual
do indivíduo. "Se um homossexual nos apresentar um processo
de despejo, nós até analisaremos a
causa, mas o problema dele nada
tem a ver com o fato de ser homossexual, e sim, por ter deixado
de pagar suas contas", afirma.
Todos os processos que chegarem à Defensoria irão passar pelo
crivo de um Conselho Gestor,
composto por advogados e membros de ONGs. Somente depois
dessa avaliação, haverá a decisão
por uma ação judicial.
"Não adianta chegar aqui com
um caso, mas sem nenhum embasamento. Se alguém xinga a
pessoa na rua, a vítima tem de nos
mostrar testemunhas, ter um boletim de ocorrência. Sem isso, fica
impossível agir", diz Quaresma.
A Defensoria está aberta a parcerias com ONGs, universidades e
profissionais das áreas de psicologia, assistência social e direito.
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