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Rapaz foi xingado em shopping
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre os dez casos que já começaram a ser avaliados pela Defensoria Homossexual, há desde pedidos de reconhecimento de sociedade conjugal até processos
por agressões verbais.
O mais grave é o de um rapaz
que trabalha em um shopping
center da capital paulista. Ele foi
seguido por um dos seguranças
do estabelecimento até o banheiro. Chegando lá, o segurança pediu que todos os ocupantes saíssem daquele local, começou a xingar e a ofender o rapaz. Ele entrou
com um pedido na Defensoria e
está processando o responsável
por danos morais.
Já M.C.P., 39, e M.E.N., 43, vivem juntas há 18 anos. Ao comprar um apartamento financiado
pela Caixa Econômica Federal,
sofreram constrangimento: o
imóvel não poderia ser colocado
em nome das duas e nem financiado pelas duas. "E quando uma
de nós morrer? Ficará somente
com a metade de todos os bens de
uma vida conjunta? Nós estamos
somente pleiteando o que é nosso
por direito", afirma M.C.P..
Segundo Fernando Quaresma,
que participou da criação do órgão, a legislação prevê que, em caso de morte, uma pessoa somente
pode deixar para estranhos 50%
de seus bens. O restante ficará em
poder da família.
Para M.E.N., a situação é desconfortável e o tratamento dado
aos homossexuais, diferenciado.
"Primeiro, nós não somos estranhas. Segundo, se nós fossemos
casadas, como meu pai e minha
mãe, ao morrer uma de nós, a outra ficaria com a totalidade dos
bens. Mas não é isso o que acontece", afirma ela.
O terceiro caso é de um casal
homossexual que viveu junto por
mais de sete anos, de 1989 a 1996,
quando um deles morreu de Aids.
Eles haviam comprado um apartamento em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo.
A família do rapaz que morreu
entrou com uma ação na Justiça
pedindo de volta o imóvel. A Defensoria, para defender o cliente,
também entrou na Justiça, mas
com uma ação de reconhecimento de sociedade conjugal.
"São milhares de casos como esses. Esperamos que a Defensoria
seja um canal para a resolução de
alguns deles", afirma Quaresma.
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