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SAÚDE
No Brasil, 15% da população em idade fértil tem dificuldades para engravidar
Campanha quer prevenir esterilidade
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O cigarro, o uso de anabolizantes, o excesso ou falta de peso, as
doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez tardia são considerados os principais vilões da
fertilidade e serão alvos de uma
campanha nacional de prevenção
à esterilidade que acontece no
Brasil a partir do próximo mês.
A campanha, que será realizada
pela SBRA (Sociedade Brasileira
de Reprodução Assistida), vem na
esteira de uma outra que acontece
nos EUA, onde cerca de 6,2 milhões de pessoas, ou 10% da população em idade reprodutiva,
têm problemas de infertilidade.
No Brasil, os índices são ainda
maiores: 15% da população em
idade fértil tem dificuldade para
engravidar, segundo informações
da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida.
Homens e mulheres têm igual
participação nos casos de infertilidade. Cada grupo responde por
40% dos casos. Os 20% restantes
são atribuídos a causas indefinidas, que não são detectadas em
exames.
"A infertilidade é uma doença
devastadora e, assim como o câncer de mama ou a Aids, pode ser
prevenida", afirmou Mike Soules,
presidente da ASRM (Sociedade
Americana de Medicina Reprodutiva), à Folha.
De acordo com Edson Borges
Júnior, presidente da SBRA, o objetivo da campanha é mostrar aos
jovens que os seus atuais hábitos
-como fumar, usar anabolizantes, fazer exercícios em excesso,
adotar dietas rigorosas ou ganhar
peso- podem dificultar, ou em
alguns casos até impossibilitar,
uma gravidez.
Outras prioridades
No Brasil, a prevenção à infertilidade ainda não é prioridade do
governo, segundo a assessoria de
imprensa do Ministério da Saúde.
O incentivo ao uso de métodos de
contracepção e a erradicação da
mortalidade infantil e materna
são as principais preocupações do
ministério, afirma a assessoria.
Médicos especializados em saúde reprodutiva defendem que o
Ministério da Saúde também faça
campanhas de orientação sobre a
infertilidade ou inclua nas já existentes, como a de combate ao fumo, os riscos à saúde reprodutiva.
Um recente estudo inglês mostrou que 13% dos casos de infertilidade feminina são provocados
pelo fumo. Nos homens, além do
cigarro, drogas como anabolizantes, maconha e álcool, podem afetar a função testicular, provocando baixa produção ou má qualidade dos espermatozóides.
Para o ginecologista Ricardo
Baruffi, 40, o governo não teria
custo adicional se incluísse o tema
infertilidade nas suas campanhas.
"Ainda há muitas dúvidas. As
pessoas não sabem que determinados hábitos podem levar à infertilidade", afirma.
Segundo Borges Júnior, os remédios contra a calvície também
têm provocado danos aos espermatozóides, fazendo com que eles
percam a capacidade de fecundar
os óvulos.
Ele afirma que 68% dos casais
que procuram sua clínica de reprodução apresentam algum fator que pode ser coadjuvante na
alteração da função reprodutiva.
Esse fator pode estar relacionado
a hábitos (cigarro, álcool, drogas,
excesso de exercícios) ou ao uso
de medicamentos.
As atividades físicas em excesso,
de acordo com ele, provocam descontrole hormonal, que causam
irregularidades ou ausência de
menstruação.
Problemas de aderência, obstrução da trompa, ovário policístico e endometriose são as principais causas de infertilidade feminina. Já nos homens, os problemas mais comuns são varicocele
(varizes no escroto, bolsa que "segura" os testículos) e processos
infecciosos e inflamatórios da
próstata, que provocam a perda
de qualidade do espermatozóide.
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