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Estiagem já prejudica a navegação no Pantanal
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
O baixo nível do rio Paraguai, o
mais importante formador do
Pantanal, vem prejudicando a navegação na região, que registra
um volume de águas inferior à
média do pior período de seca já
vivido no ecossistema.
O nível baixou mais um centímetro e, ontem, a marcação na régua na cidade de Ladário (MS) estava em 94 centímetros. A média
na chamada "grande seca", entre
os anos de 1964 e 1973, foi de 96
centímetros. O pior índice da história do rio Paraguai foi de 61 centímetros -a régua não toca o
fundo do rio.
A redução da profundidade,
que se aproxima da grande baixa
ocorrida há quatro anos, já causa
prejuízos para a navegação, inclusive comercial. De acordo com o
diretor da Cinco & Bacia (Companhia Interamericana de Navegação e Comércio), Michel
Chaim, as embarcações estão navegando com uma diminuição
média de 30% a 40% em seu volume de carga para evitar que fiquem encalhadas nos trechos
mais rasos do rio Paraguai.
"Isso induz a prejuízos irreversíveis para a empresa. E para o
usuário também, que terá seu escoamento de exportação comprometido", declarou Chaim.
A empresa, uma das maiores
entre as que operam na hidrovia
Paraguai-Paraná, não tinha ontem uma estimativa dos prejuízos. Chaim afirmou que uma viagem que duraria 15 dias, de Corumbá (MS) a San Lorenzo (Argentina), de um comboio com
carga de 25 mil toneladas, atualmente dura 20 dias, mesmo com a
redução para 15 mil toneladas.
O diretor também critica a "má
sinalização" do rio. "O fato agravante é que o rio não está totalmente sinalizado e balizado, tem
muitos passos de areia que não
são dragados e isso tudo dificulta
muito a navegação."
Menos chuva
O atual nível é o segundo mais
baixo dos últimos 32 anos, quando terminou o ciclo de grande seca no Pantanal. Em 2001, o curso
d'água chegou a 90 centímetros.
A redução, segundo a Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), é conseqüência da
diminuição das chuvas nos últimos anos no alto Paraguai.
O rio compõe a hidrovia Paraguai-Paraná, muito utilizada na
porção brasileira para o escoamento e a exportação de açúcar,
soja e minério de ferro.
Com 3.442 km, a hidrovia corta
metade da América do Sul e serve,
além do Brasil, Bolívia, Paraguai,
Argentina e Uruguai. Ela começa
no município de Cáceres (MT) e
vai até Nova Palmira (Uruguai).
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