São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Problema é gestão, e não dinheiro, diz professor

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Manutenção preventiva do asfalto, em vez de esperá-lo sumir para começar as obras de recuperação. Para o professor Creso de Franco Peixoto, especialista em transportes do Centro Universitário da FEI, em São Bernardo, a receita para melhorar o atendimento ao usuário das estradas é trivial, e dinheiro não falta.

 

FOLHA - A recuperação do asfalto das estradas deveria ser a grande prioridade?
CRESO PEIXOTO -
Se você recuperasse o asfalto depois de um terço da vida útil dele, o custo seria de apenas 10% do total do asfaltamento. No Brasil, tudo é feito depois que o asfalto já acabou. O custo disso é de 100%.
Os recursos para a manutenção das rodovias saem da Cide (imposto sobre combustíveis). Esse imposto, desde 2001, arrecadou R$ 53 bilhões, mas uns 20% disso foram aplicados nas estradas. O governo segura o repasse para fazer caixa.

FOLHA - Dinheiro, portanto, não é o grande problema?
PEIXOTO -
Falta uma gestão adequada. Depois do pavimento, seria necessário reformar a sinalização, um item de segurança fundamental, e, na sequência, fazer uma auditoria completa nas estradas, para saber onde é preciso melhorar a geometria, fazer curvas mais abertas, por exemplo. São 30 mil mortes ao ano no país. Um prejuízo de uns US$ 10 bilhões só na questão da saúde.

FOLHA - Em vez de estradas, não seria melhor usar o dinheiro com a construção de ferrovias?
PEIXOTO -
O transporte tem que ser multimodal. Com US$ 10 bilhões, em vez de fazer o trem-bala para o Rio de Janeiro, daria para fazer uma ferrovia normal do Ceará ao Rio Grande do Sul. Você retiraria o transporte de carga das estradas e ajudaria a preservá-la. Em termos de volume de tráfego, as principais rodovias do país são as que fazem a ligação Norte-Sul. Elas estão saturadas e ainda falta fiscalização. Os atenuadores de velocidade, como os radares, também são importantes.

FOLHA - O modelo de concessão para a iniciativa privada é o melhor, em termos de manutenção?
PEIXOTO -
O índice de morte nessas rodovias caiu até 70% por causa de uma melhor manutenção. Mas tem os pedágios. Nada é de graça.


Texto Anterior: Pior rodovia do país corta Minas, aponta pesquisa
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.