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Problema é gestão, e não dinheiro, diz professor
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Manutenção preventiva do
asfalto, em vez de esperá-lo sumir para começar as obras de
recuperação. Para o professor
Creso de Franco Peixoto, especialista em transportes do Centro Universitário da FEI, em
São Bernardo, a receita para
melhorar o atendimento ao
usuário das estradas é trivial, e
dinheiro não falta.
FOLHA - A recuperação do asfalto
das estradas deveria ser a grande
prioridade?
CRESO PEIXOTO - Se você recuperasse o asfalto depois de um
terço da vida útil dele, o custo
seria de apenas 10% do total do
asfaltamento. No Brasil, tudo é
feito depois que o asfalto já acabou. O custo disso é de 100%.
Os recursos para a manutenção
das rodovias saem da Cide (imposto sobre combustíveis). Esse imposto, desde 2001, arrecadou R$ 53 bilhões, mas uns
20% disso foram aplicados nas
estradas. O governo segura o
repasse para fazer caixa.
FOLHA - Dinheiro, portanto, não é
o grande problema?
PEIXOTO - Falta uma gestão
adequada. Depois do pavimento, seria necessário reformar a
sinalização, um item de segurança fundamental, e, na sequência, fazer uma auditoria
completa nas estradas, para saber onde é preciso melhorar a
geometria, fazer curvas mais
abertas, por exemplo. São 30
mil mortes ao ano no país. Um
prejuízo de uns US$ 10 bilhões
só na questão da saúde.
FOLHA - Em vez de estradas, não
seria melhor usar o dinheiro com a
construção de ferrovias?
PEIXOTO - O transporte tem que
ser multimodal. Com US$ 10
bilhões, em vez de fazer o trem-bala para o Rio de Janeiro, daria para fazer uma ferrovia normal do Ceará ao Rio Grande do
Sul. Você retiraria o transporte
de carga das estradas e ajudaria
a preservá-la. Em termos de volume de tráfego, as principais
rodovias do país são as que fazem a ligação Norte-Sul. Elas
estão saturadas e ainda falta fiscalização. Os atenuadores de
velocidade, como os radares,
também são importantes.
FOLHA - O modelo de concessão
para a iniciativa privada é o melhor,
em termos de manutenção?
PEIXOTO - O índice de morte
nessas rodovias caiu até 70%
por causa de uma melhor manutenção. Mas tem os pedágios. Nada é de graça.
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